OUTRO LADO DA MOEDA: REFUGIADOS JUDEUS NO ORIENTE MÉDIO (em inglês)


Jewish Refugees from the Arab World

Between 1948 and 1951, as a result of the War of Independence, about 400,000 Jewish refugees were absorbed by Israel after being driven from their homes from Arab lands. In total, well over 800,000 Jews indigenous to Arab and Muslim countries lost their homes and property following Israel's independence, roughly 600,000 of whom found refuge in Israel. Although the number of Jewish refugees and the total area of their lost land exceeded that of their Arab counterparts, the vaguely similar number of Jewish and Arab refugees has led some to describe the exodus of the two groups as a de facto population transfer.
With the UN's 1947 decision to partition Palestine, the Jewish community in Iraq, which only a few years earlier had suffered a devastating pogrom, faced a new wave of harsh persecution.
Sources:
  • The Edge of the Sword: Israel's War of Independence, 1947-1949, Natanel Lorch
  • Atlas of the Arab-Israeli Conflict, Martin Gilbert
  • Encyclopedia Judaica
  • "1948, Israel, and the Palestinians — The True Story," Ephraim Karsh, Commentary, May 2008
  • "The evacuation of the noncombatant population in the 1948 war: three kibbutzim as a case study," Nurit Cohen Levinovsky, Journal of Israeli History,March 2007.
  • Jerusalem in the Twentieth Century, Martin Gilbert
  • The Case of the Jews from Arab Countries: A Neglected Issue, Maurice Roumani
The Iraqi government adopted what author and journalist Edwin Black described as "Nazi confiscatory techniques," levying "exorbitant fines as punishment for trumped-up offenses." Zionism was made a criminal offense. As Arab countries invaded the newly declared Jewish state, the Iraqi police ransacked Jewish homes and arrested hundreds of Jewish citizens. Hundreds more were dismissed from their public jobs. Crippling restrictions targeted Jewish commerce and travel. The government seized Jewish property, cut off municipal services to Jewish neighborhoods, and shut down Jewish newspapers
Researcher Esther Meir-Glitzenstein explained that "what had begun as voluntary emigration turned into an expulsion." Eventually, about 120,000 people — almost the entire Jewish community — would escape the oppression, with little more than the clothes on their backs.
A similar scenario played out in Egypt. The events of 1948 brought a revival of anti-Jewish sentiment, complete with anti-Jewish riots and murders, the confiscation of Jewish property, legal restrictions affecting the employment of Jews and mass arrests. This prompted a wave of Jewish flight from the country, a trend that only increased in the decade that followed.
Violent anti-Jewish rioting in Yemen in the wake of the UN partition plan help spur tens of thousands of Yeminite Jews to leave their homes and migrate to Israel as part of Operation Magic Carpet. Murderous pogroms in Morocco in 1948 and 1953, and in Libya in 1945 and 1948, yielded similar results. (Extraído do site Committee for Accuracy in Middle East Reporting in America.) 

DEIXEM EM PAZ A NOSSA LÍNGUA, de Lya Luft



Nasci com essa paixão, esse encantamento pelas palavras. Quando pequena, repetia para mim mesma as que achava mais bonitas: pareciam caramelos na minha boca. Colecionava mentalmente as mais doces, como translúcido, magnólia, borbulha, libélula, e não sei quais outras. Lembro que por um tempo detestei meu nome curtinho e sem graça: pedia a minha mãe que o trocasse por algo belo como Gardênia, Magnólia, Virgínia. Açucena me fascinou quando o li no meu livro de texto no 1º ano da escola, e quis me chamar assim. Mas eu queria muitas coisas impossíveis. Como lia muito (minha cama era embutida em prateleiras onde, em horas de insônia, bastava estender a mão e ter a companhia de um livro), a linguagem cedo fez parte da minha vida como as ficções. Eu lia o que me caía nas mãos, desde gibis até complicados volumes que eu não entendia mas pegava na biblioteca de meu pai, e lia achando impressionante ou bonito, misterioso ou triste.

Comecei a trabalhar com a nossa língua bastante cedo, traduzindo obras literárias do inglês e do alemão. Mais ou menos nessa época, início dos 20 anos, passei a escrever crônica de jornal, e poemas avulsos, que aos poucos foram sendo publicados em livros, até finalmente iniciar uma carreira de ficcionista já beirando os 40 anos. Antes disso fiz mestrado em linguística, e fui professora dessa matéria em uma faculdade particular durante dez anos. Não escrevo isso para dar meu currículo, mas para dizer que não desconheço o assunto: ler e escrever são para mim tão naturais quanto respirar, e conheço alguma teoria. Nosso idioma, o português do Brasil, me é íntimo, querido, respeitado, amado - e está em mim como a própria alma. Aliás, a psique se reconhece, se analisa e se expressa através das palavras.

De vez em quando, inventa-se alguma reforma para essa sutil, forte e independente engrenagem. Passei por várias nesses muitos anos, as ortográficas em geral pífias, algumas muito malfeitas. Porém a gente se adapta, até por razões de ofício. Mas, por favor, não tentem defender nosso português de estrangeirismos: a língua não precisa ser defendida. Ela é soberana. Ela é flexível. Ela é viva. Nenhum gramático ou legislador, brilhante ou tacanho, poderá botar essa dama em camisa de força, nem a conter num regime policialesco. Ela continuará sua trajetória, talvez sacudindo a cabeça diante das nossas desajeitadas tentativas de controlá-la. Como dirá qualquer bom professor de português, ou qualquer linguista dedicado, estudioso, uma parcela imensa dos termos que hoje usamos, que por muito usados pela classe culta foram dicionarizados  o dicionário sempre corre atrás da realidade   começou como estrangeirismo. Não preciso citar, mas cito, garagem do francês, futebol do inglês, coquetel da mesma forma. A língua incorpora esses termos se são úteis, e os adapta ao seu sistema. Botou o “m” final em miragem, por exemplo, porque no nosso sistema as palavras não terminam em “age”.

Muitos termos não podem ser traduzidos: quem diz isso é esta velha tradutora que dedicou a isso milhares de horas de sua vida. E não é possível formar frases decentes, fluidas, claras, expressivas como devem ser as frases, se a cada “estrangeirismo” tivermos de fazer um rodeio, uma explicação da palavra intraduzível. Isso, além do mais, nos colocaria na rabeira do mundo civilizado e globalizado, onde palavras  como objetos de bom uso  circulam de um lado para outro, pousam aqui ou ali, adaptam-se, ou simplesmente passam. Quando não passam, é porque são necessárias, e acabam colocadas entre aspas ou em itálico. Línguas altamente civilizadas usam “estrangeirismos” livremente, sem culpa nem preconceito, como fator de expressividade. Isso nem as humilhou, nem as perverteu: ficaram enriquecidas. Nós é que precisamos lutar contra uma onda terceiro-mundista, uma postura de inferioridade que nos faz gastar energias que poderiam ser aplicadas em algo urgente como um orçamento vinte vezes maior para a educação do nosso povo. 


(Texto extraído da revista Veja de 11/5/11. Foto: Estátua de Manuel Bandeira defronte à ABL.)