Os países da Europa Ocidental passaram 800 anos em lutas cruentas antes de chegar à realidade do mercado comum e das fronteiras abertas. Pode demorar 800 anos, mas, a exemplo do que ocorreu na Europa, o que hoje parece impensável vai acabar acontecendo: algum dia, os povos do Oriente Médio vão viver como uma família.
(Amós Oz, escritor israelense)
O atual Israel criado em 1948 é um país democrático, desenvolvido. O Estado Palestino, em 1948, foi recusado pelo mundo árabe que nada fez, nem faz pelos irmãos árabes-palestinos, desde que trabalhavam como felahs, pobres camponeses, para os donos de terra do Império Turco-Otomano. Os muçulmanos moderados temem a influência do terrorismo, do Hamas, inlusive o Egito que não lhes abre a fronteira. Os que preferem conviver com Israel são acusados de traição e assassinados. Por que o Líbano e a Jordânia não oferecem cidadania para os refugiados palestinos que vivem confinados? A desproporção do conflito existe no tamanho e na população do mundo muçulmano. Israel em superfície e população é rigorosamente insignificante. É só olhar um mapa. Leiam a carta do escritor premiado, o pacifista Amós Oz: que deixem os judeus em paz e todos viverão em paz. Guerras são desumanas, conquanto forjadas pelo homem. Enquanto proclamam que Israel não deve existir, discurso medieval, estarão colocando o povo palestino à mercê do que plantam, o ódio. E sofrerão as consequências pelo desrespeito ao outro ser humano e ao desprezo pelas vidas que imolam como fósforos. Tal como o Hiszbollah, o Hamas expõe, de forma repugnante, a população civil, ante depósitos de armas, em escolas, hospitais. As distorções históricas, mentiras e calúnias não ajudam a paz, são apenas retóricas dos que não lembram dos trezentos mil de Darfur, dos milhares vitimados em combustão, xiitas versus sunitas no Iraque. O que se produz em tempos de paz — e Israel é campeão na área de ciência e tecnologia — é lamentavelmente estagnado pelo permanente perigo imposto ao minúsculo país.
(Esther R. Largman, historiadora e escritora, autora de sucessos como Jovens polacas)
É dever de todo governo defender o seu território e a sua gente. Mas, curiosamente (ou nem tanto), pretende-se cassar de Israel o direito à reação.
Por quê?
(Reinaldo Azevedo)
O contexto histórico do conflito de Gaza, de dois povos lutando por um mesmo território, é um drama humano que não pode ser explicado nem resolvido usando esquemas ideológicos.
Somente o diálogo e a negociação poderão encontrar uma solução política que dê ponto final aos erros acumulados pelos líderes de ambas as partes, e que terminam resultando em guerras periódicas.
Entendo a simpatia de alguns com os palestinos e a preocupação de outros com a segurança de Israel.
Mas em nenhum dos dois casos é aceitável o apoio acrítico a líderes radicais, sejam israelenses que não se dispõem a devolver os territórios conquistados, sejam palestinos que sustentam um programa político que propõe a destruição do Estado de Israel.
(Bernardo Sorj)
Israel desencadeou a ofensiva para defender a integridade de seus habitantes, ameaçados constantemente pelo movimento fundamentalista militarmente organizado que controla toda a Faixa de Gaza desde junho de 2007. Mais ainda, o Hamas e seus associados menores, como a Jihad Islâmica e outros grupelhos, não representam a Autoridade Nacional Palestina (AP). Eles são terroristas, não aceitam a existência do Estado de Israel e estão comprometidos explicitamente com a sua extinção total.
(Luis Milman, jornalista e doutor em filosofia)
Não há, no presente, guerra contra o povo palestino nem em relação aos demais países árabes, mas reação contra o Hamas que tem o objetivo declarado e irrevogável de “varrer Israel do mapa”.
O reconhecimento ao direito de existência do Estado Palestino – jamais negado pelo Estado de Israel – foi ratificado mais uma vez em 2005, quando Ariel Sharon, ao comunicar na ONU a retirada unilateral de Gaza e Cisjordânia, apelou à comunidade internacional por ajuda aos palestinos para que pudessem erigi-lo.
Sobre o propósito do Hamas de varrer Israel do mapa, seu líder Fathi Hammad, em declaração transmitida pela TV Al-Aqsa e que pode ser assistida no YouTube reconhece que a organização, para se defender, construiu um “escudo humano de mulheres e crianças”.
(Jayme Copstein, jornalista gaúcho)
O problema é que cada lado costuma culpar o outro pelo fracasso. Os palestinos queixam-se da visita de Ariel Sharon ao Monte do Templo, em Jerusalém, dos assentamentos dos colonos judeus na Cisjordânia e Gaza, dos bloqueios e das punições coletivas. Os israelenses contrapõem com a recusa de Arafat às propostas de Barak em Campo David, atentados terroristas e incitamento de crianças palestinas à violência e ao ódio através da educação.
Cada lado faz contagem diferente do sangue e das culpas. Cada lado escolhe fatos diferentes para divulgar ou omitir. É importante ter em conta que boa parte dos protagonistas perdeu a confiança no comprometimento do outro com a solução de dois estados, frustrando-se assim o processo de Oslo.
O que é necessário agora? Primeiro: combater a intolerância. Existe gente nos dois lados que se recusa a aceitar os direitos de sobrevivência do outro. Precisam ser contestados “de dentro”. Palestinos e israelenses devem dizer NÃO aos seus próprios intolerantes e às suas formas violentas de manter o conflito aceso.
(autor anônimo)
Não podemos deixar de lembrar todos os muçulmanos de que, quando os judeus conquistaram a Cidade Santa, em 1967, postaram-se na entrada da Mesquita de Aqsa e proclamaram que “Maomé está morto, e seus descendentes são todas mulheres”.
Israel, o judaísmo e os judeus desafiam o Islã e o povo muçulmano. “Que os covardes jamais consigam dormir.”
(Trecho do Estatuto antissemita do Hamas)
A pobreza, a morte e o desespero entre os palestinos na faixa de Gaza me leva às lágrimas. Como poderia deixar de fazê-lo? Quem é capaz de ver imagens de crianças numa zona de guerra ou numa rua de favela e não se sentir revoltado, perplexo e impelido a protestar? E o que é tão chocante é que isso é tão desnecessário. Pois pode haver paz e prosperidade em troca do menor dos preços.
Basta os palestinos dizerem que vão deixar Israel existir em paz. Eles só precisam dizer essa coisa minúscula, e dizê-la com sinceridade, para que praticamente não exista nada que eles não possam ter.
(Daniel Finkelstein, articulista inglês)
A atual situação, não tem nada a ver com as relações internacionais, o equilíbrio de forças na região, etc, etc. Trata-se de uma mera questão local e policialesca, a autoridade palestina, tem por obrigação e por força de acordo firmados, de manter a ordem interna da Faixa de Gaza, bem como de policiar e coibir abusos e extremos, o que ela na prática não fez, seja por omissão ou incompetência, portanto, para 300 foguetes lançados aleatoriamente contra civís israelenses, 300 bombas, serão ou foram lançadas aleatoriamente, contra a Faixa de Gaza. Essa é a situação, essa é a lógica que vejo. Em alguns sentidos é similar aos morros cariocas dominados pelo tráfico, um punhado de traficantes fortemente armados, dominam pelo terror e desafiam as autoridades.
(Daniel Haziot, em e-mail enviado para mim)
Nada - NADA - justifica tantas crianças envoltas em mortalhas, muito menos a proximidade das eleições israelenses. Vivi um ano na Faixa de Gaza e vi o que é ser um povo preso, sem saída, sem nada. Não há se ser meia dúzia de foguetes caramuru que mataram menos de dez israelenses, que justificarão essa mortandade.
(Haroldo Netto, em e-mail enviado para mim)
O fulcro do problema é que dois direitos à existência nacional se sobrepõem, criando uma situação em que os dois lados estão certos quando lutam pela própria sobrevivência e erram quando vão a limites extremos para defendê-la. As razões de cada um são conhecidas. A criação de Israel decorreu da perseguição aos judeus na Europa e foi legitimada pelo mais hediondo dos crimes, o genocídio cometido pela Alemanha nazista. Quem pode negar aos judeus o direito de ter um país forte e protegido, e, numa espécie de justiça histórica, no mesmo lugar onde havia existido dois milênios antes? Ao ser erigido, no entanto, o estado de Israel desencadeou a privação dos habitantes árabes, que perderam casas, terras e identidade. Quem pode negar a injustiça histórica cometida contra os palestinos? Ou a sua legítima aspiração a um estado independente?
(Vilma Gryzinski - Revista Veja)
Israel não tem interesse em causar mortes. Tudo o que quer é deter os ataques do Hamas da única maneira que pode: eliminando os terroristas e destruindo seus arsenais. Não há outro meio de lidar com eles. O Hamas não é uma organização política com a qual acordos possam ser alcançados, mas uma gangue fanática com a intenção de varrer Israel do mapa. Para atingir seu objetivo, seus membros estão dispostos a transformar seus filhos em bombas humanas.
(Carlos Alberto Montaner, escritor e jornalista cubano, ex-preso político)
Por ser um país desenvolvido cercado de vizinhos em diferentes estágios de “civilização”, Israel paga, guardadas as devidas proporções, o preço que a classe média paga, no Brasil, em relação à criminalidade nas comunidades carentes: para uma certa visão míope, é sempre a culpada, porque, em tese, nessa forma enviesada de análise, os bandidos são sempre inocentes – são apenas pobres reagindo à desigualdade social (o que, claro está, é uma baita ofensa à imensa maioria dos pobres, que sofrem na miséria sem nunca pensar em delinquir). Enquanto isso, os verdadeiros culpados pelas desigualdades, lá como cá, não são mencionados nem en passant — e, ainda que o fossem, continuariam onde sempre estiveram, ou seja, nem aí.
(Cora Rónai - jornal O Globo)
Como um muçulmano egípcio, agora vivendo nos Estados Unidos, eu me pergunto por que a rua árabe e seus apoiadores no Ocidente nunca mostram resposta igualmente forte contra terroristas islâmicos que alvejam civis inocentes mundo afora, explodem mercados inteiros, com civis de origem predominantemente muçulmana no Iraque, Paquistão, Sudão, Turquia, etc.
(Tawfik Hamid - Escritor e médico muçulmano)
2 comentários:
Nada vai justificar a carnificina feita pelos Israelenses. Vai ser uma mancha na história deles. Mancha esta que espero que as próximas gerações se envergonhem. É como um Hitlerismo sionista!
Estão agindo como se não houvesse outros modos de negociação e defesa...ridículo e muito triste!
Camila, obrigado pelo comentário. Há anos, entra mês, sai mês, entra ano, sai ano, a população civil de Israel tem que conviver com a tensão de, a qualquer momento, precisar sair correndo para se abrigar de um foguete desgovernado. O pessoal do Hamas é fanático, você não consegue negociar com eles, eles pregam (no seu estatuto que está na Internet) a destruição de Israel. Como sair dessa situação? É muito triste tudo isso. Espero que esta seja a guerra para acabar com todas as guerras, e que enfim o bom senso prevaleça!
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