VIAGEM A AMSTERDAM, LONDRES, EDIMBURGO E DUBLIN

NOTA - As palavras em vermelho são hiperlinks - clique nelas para obter informações adicionais. As passagens em azul referem-se às fotos.

Terça-feira, 16/6/09

A queda do avião da Air France numa rota (Brasil-Europa) onde nunca, em seis décadas de aviação civil, ocorrera um acidente lançou-nos numa tremenda tensão pré-viagem. Mas as estatísticas de que, em termos de segurança, o avião só perde para o elevador foram nos tranquilizando. Claro que todo o processo de deslocamento — sair de casa, pegar o táxi para o Aeroporto Internacional sabendo que, no dia anterior, um domingo, houve arrastão na Linha Vermelha, enfrentar o caos do check-in da Gol morrendo de medo de extraviarem nossa bagagem no intervalo de mais de cinco horas entre a chegada em Guarulhos e a decolagem para Amsterdam, as onze horas a onze mil metros de altura sobre o oceano que, em certos trechos, atinge cinco mil metros de fundura — claro que tudo isso é cansativo, principalmente levando-se em conta que consigo dormir em qualquer lugar: na praia, numa rede, num banco de praça (em Amsterdam, quando chegamos mortos de cansaço, fizemos isso por uma meia horinha), num ônibus... MENOS num avião. Mas o voo da KLM foi tranquilo — turbulência zero — e o serviço, magnânimo, de modo que eis-nos na velha Amsterdam. Hoje o máximo que aguentamos foi uma volta: Beginhof (se Amsterdam é uma cidade antiga, Beginhof é um recanto ainda mais antigo; vimos lá uma casa de madeira de cerca de 1420, sobrevivente do incêndio que destruiu a velhíssima Amsterdam no início do século XVI) e o Jordaan, um bairro descolado que abriga artistas, estudantes e yuppies.




Quarta-feira, 17 de junho

Não posso conceber uma viagem à Europa sem uma peregrinação à velha Amsterdam (cenário de minha aventura hippie em 1972), a cidade mais alto-astral da face da terra (embora com o movimento reduzido à metade devido ao desaparecimento dos bandos de americanos por efeito da crise). Do quarto do nosso hotel low budget (Het Leidseplein Hotel - o dono, Mickey Samardzic, é um ex-jogador de futebol croata que agora tem uma escola de futebol), a uma da madrugada de uma quarta-feira, ouvimos pessoas conversando animadas e o som de boate, e isso se estenderá pela noite adentro. Amsterdam, parque de diversões todos os dias, dia e noite, cidade transgressora, sem falsos moralismos, onde a maconha e a putaria são atrações turísticas devidamente legalizadas.

De manhã, Zaanse Schans, um complexo de moinhos, antigas casas de madeira, além de jardins, vacas holandesas, carneirinhos, a uns vinte minutos da Centraal Station. Depois rodamos, rodamos, rodamos. Está tudo nas fotografias, que valem por mil palavras. Ah, quase esqueci de contar como ganhei uma batata frita de graça. As batatas fritas com maionese constituem uma atração (além de permitirem ao turista mochileiro se alimentar a um baixo custo). O dono da loja de batatas fritas onde entramos perguntou de onde somos. Respondi que do Brasil, e devolvi a pergunta. Ele mandou eu adivinhar. Examinei sua fisionomia e arrisquei: Paquistão. O sujeito ficou tão radiante com a minha perspicácia que não cobrou as batatas — só a Coca. Ganhou um dos postais que levo nas viagens para divulgar as belezas cariocas.





Duas observações finais: a bicicleta sendo um dos transportes principais (em Amsterdam existe 1,5 bicicleta por morador), raramente se veem obesos. E embora não se vejam sinais de pobreza nesse paraíso do Primeiro Mundo (tirante algum raro maluco beleza pedindo dinheiro na rua), fotos do final do século XIX e princípio do século XX que vimos num museu de tamancos mostram que nem sempre foi assim. Moral da história: um país não nasce predestinado ao Primeiro Mundo ou Terceiro Mundo. Superar a pobreza é um processo (com determinados requisitos: trabalho, gestão...), e qualquer país pode percorrer esse processo. Nós também podemos chegar lá.

Quinta-feira, 18 de junho

Primeira parada: Museu Van Gogh (com entrada comprada de casa via Internet — funciona, mas é preciso imprimir com boa resolução, para que o código de barras seja legível pela máquina). Museu de arte tem que ser o primeiro passeio do dia, curtido de cabeça fresca. São muitos os museus de arte dignos de visita em Amsterdam: Hermitage Amsterdam, Rijksmuseum, Museu Histórico, mas não se deve ver mais de um por dia: beleza em doses cavalares acaba embotando a sensibilidade (assim como o doce de leite em excesso enjoa). Atração obrigatória em Amsterdam é o museu que reúne uma parte substancial da obra do gênio mentalmente perturbado que, sem jamais ter cursado uma academia, meteu-se a ser pintor, autodidata, de quadros que destoavam dos padrões estéticos e decorativos da época e que ninguém queria comprar — o irmão, marchand, sustentou financeiramente Van Gogh, mas ao que parece não acreditou na sua arte, pois não se empenhou em vendê-la. Matou-se com um tiro no peito porque achou (como eu às vezes também tenho a impressão) que seu destino era ser um fracassado e acabou virando cult (considerado o precursor da arte moderna) décadas após a sua morte — quando inventarem a máquina do tempo, o valor arrecadado agora com o leilão de uma única obra sua, devidamente transportado para o passado, fará dele um milionário.

Em seguida, piquenique de cachorro-quente com sauerkraut (chucrute) nos gramados da Museumplein. Depois travamos conhecimento com a arte sofisticada dos coquetéis visitando a Bols. E finalmente o tradicional passeio de barco pelos canais que sempre faço quando venho a Amsterdam. Os americanos desapareceram daqui: mais fácil deparar com brasileiros.


Sexta-feira, 19 de junho

De manhã, pretendíamos visitar o Hermitage Amsterdam, uma espécie de "filial" do famoso museu de São Petersburgo, cuja origem foi a coleção de obras de arte da czarina Catarina, a Grande reunida em sua “cabana do eremita”, ou Hermitage. Chegando nas proximidades, deparamos com barreira policial e equipes de filmagem. Algum filme estaria sendo rodado lá? Contornamos o quarteirão para tentar alcançar o museu pelo outro lado, mas lá também o acesso estava interditado. Deixamos o Hermitage para sábado e resolvemos ir até Haarlem, a cidadezinha que, além de uma imponente catedral gótica tardia (da virada do século XV para o XVI) cujo chão é todo constituído de túmulos contíguos, abriga um excelente museu de pintura antiga (séculos XVI e XVII), o Frans Hals Museum ("French House Museum", no inglês da atendente do escritório de informações turísticas, o que acabou gerando um diálogo de loucos entre nós, pois pensei que se referisse a outra atração). E ainda deu para passear um pouco por (e nos perder em) Haarlem. Uma Amsterdam em miniatura.





Sábado, 20 de junho

Às três da tarde marcamos um encontro em frente ao coffee shop Bulldog (coffee shop em Amsterdam não é um café, e sim um local onde se pode comprar e fumar haxixe e maconha) com nosso amigo Jorge, um brasileiro residente na Holanda que conhecemos na última viagem, mas ele furou — problema de saúde. Para não perdermos o dia, decidimos visitar o Rijksmuseum. Chegando lá, vimos que nas sextas-feiras o museu fica aberto até 20:30. Que bom, pensamos, assim podemos ver o museu com calma. Quando o funcionário disse que fecharia às 18, ficamos bolados. Foi aí que nos apercebemos de que havíamos (por algum estranho mecanismo de ilusão da mente) eliminado a terça-feira da memória e que na quarta pensamos que fosse terça, e assim sucessivamente, e não tivesse eu interpelado o funcionário do museu e ele assegurado que era sábado, no dia seguinte simplesmente perderíamos a nossa viagem para Londres e a reserva de hotel lá, o que por um triz não aconteceu. Ficamos então sabendo que o Hermitage naquele fim de semana ficaria aberto direto, dia e noite, e para lá rumamos, pois aquela exposição não poderíamos perder— sobre a Rússia dos czares, com toda a sua pompa e arte. Lá viemos a descobrir que todo aquele aparato policial do dia anterior se devera ao fato de que ninguém menos que o presidente da Rússia e a rainha da Holanda ali estiveram para inaugurar as novas instalações, novinhas em folha, da "filial" do Hermitage em Amsterdam, num prédio que no passado abrigou um asilo de idosos. Uma exposição para nunca mais se esquecer (com essa minha memória, sei lá...)


Domingo, 21 de junho

Classe média (a maioria da população) aqui na Europa viaja de trem. O ônibus internacional, mais barato, é transporte de minorias: negros (superssimpáticos), médio-orientais: saem atrasado, param em mil e uma cidades ao longo da rota, não têm toalete a bordo e não têm hora certa de chegar. De Amsterdam a Londres fomos de ônibus: além de percorrer pedaço da Bélgica e França, ainda por cima (assim pensei eu) faríamos a travessia emocionante do Canal da Mancha num ferry boat... Só que os tempos mudaram. Depois de passarmos pelos pavorosos controles de fronteira da França e, ainda em território francês, do Reino Unido (se em tempos de paz os controles de fronteira europeus já são tão rigorosos, imagine como foram em tempos de guerra), o ônibus penetrou num gigantesco e sinistro trem e atravessou o Canal pelo túnel com quilômetros de água sobre as nossas cabeças. Chegada em Londres. Chicken curry num restaurante indiano perto do hotel (Airways Hotel).


Segunda-feira, 22 de junho

Victoria & Albert Museum. Tudo em Londres é monumental, colossal e (quando moderno) arrojado. Como se ainda estivéssemos no centro do maior império da face da Terra. A estátua de Nelson, o almirante que derrotou Napoleão na batalha naval de Trafalgar, ergue-se no alto de um pedestal com 56 metros de altura. O Victoria & Albert Museum é uma espécie de museu da história do design. Os museus aqui são gigantescos: um só dia não é suficiente para visitar um museu. No V & A vimos as British Galleries do princípio do século XX até o século XVIII: mobílias, tapetes, espelhos, quadros, estatuetas, relógios, estilo por estilo, subestilo por subestilo, tudo suntuoso, riquíssimo, deslumbrante...

Depois os parques: enquanto os parques franceses são cartesianos, simétricos, geométricos (com suas árvores e arbustos podados formando figuras; exemplo carioca: Praça Paris), os parques ingleses são românticos, com ondulações, laguinhos, esquilos, patinhos, jardins de rosas e outras flores (exemplo carioca: Campo de Santana e Quinta da Boa Vista). Os parques são enormes e contíguos: Kensington Garden, Hyde Park, St. James’s Park, Green Park. Jantamos num bufê chinês no Chinatown. Aqui não existe o sistema de quilo, mas o restaurante avisa que quem deixar grandes quantidades de comida no prato pagará uma taxa extra. Ainda encontramos fôlego para contemplar o Big Ben by night (nesta época escurece só às dez).




Terça-feira, 23 de junho

Em meio a um bando de crianças ruidosas e graciosas percorremos o Museum of Childhood, um museu que conta a história dos brinquedos: casinhas de bonecas, Teddy Bears, lanternas mágicas, autoramas, Legos, tudo tudo tudo, até um joguinho de peças de metal e parafusos para montar com que brinquei na minha remota infância.

Depois os cartões postais de Londres: Parlamento (gigantesco, sobressaindo-se a torre do Big Ben), Abadia de Westminster (por fora), Palácio de Buckingham e a impressionante e enorme loja de departamentos Harrods, paraíso dos abastados, onde você encontra todo tipo de produtos sofisticados, de todas as grifes — encontra até réplicas de mobílias e estatuetas em estilos de séculos passados, coisas que você imaginaria só ser possível ver em museus e antiquários. Jantar no bufê chinês de Chinatown.




Quarta-feira, 24 de junho

National Gallery: overdose de coleções de pinturas, desde o período medieval até o impressionismo — impossível ver em um dia. Enquanto a monumentalidade das coleções do Louvre ou Vaticano é alardeada, pouco se menciona a National Gallery de Londres — aqui, mais uma (colossal, monumental...) atração em meio a tantas outras.

À tarde encontro na tradicional loja de maravilhas (chás, geleias, brinquedos, tudo) Fortnum & Mason com o escritor Christopher Lloyd, autor de What on Earth Happened? que traduzi recentemente. À noite, ghost walking tour (Ghosts, Gaslight & Guinness).

As London Walks, uma atração à parte (dentre uma profusão de tantas outras). Os guias não são simples guias de turismo: são atores, historiadores, especialistas, que revelam (naquele inglês londrino gostoso e por vezes difícil de entender) aos visitantes os segredos de Londres: pubs, histórias de fantasmas, becos, os passos de Jack, the Ripper, recantos, zonas da cidade ainda iluminadas a gás (conquanto o acendedor de lampiões tenha se aposentado: um mecanismo elétrico aciona os lampiões).



Quinta-feira, 25 de junho

Hampton Court: palácio do rei Henrique VIII com jardins em estilo francês e o famoso labirinto de sebes: chegamos ao centro — mais fácil perder-se no labirinto do metrô de Londres. À noite outro walking tour: Apparitions, Alleyways & Ale.




Sexta-feira, 26 de junho

Torre de Londres: colossal complexo de fortificações, residência real e prisões remontando à Idade Média. Depois a Tower Bridge. Chegamos à conclusão de que não dá para ver Londres em apenas cinco dias. Decidimos sacrificar Gallway (na Irlanda) e retornar para uma nova temporada londrina ao final do nosso périplo.



Sábado, 27 de junho

Viagem de trem de Londres a Edinburgh (Edimburgo em português). Em pleno verão faz frio: imagine no inverno (Edinburgh fica a quase 60 graus de latitude norte, enquanto Moscou fica a pouco mais de 55 graus). Montes de gente alegre, porque hoje é sábado: bêbados, góticos, piercings, arquitetura cinzenta, gaivotas, brumas, monumentos góticos. Estamos hospedados num hotel agradável (e barato) meia hora a pé do centro (dá para ir de ônibus também) com vista para um parque: Edinburgh House Hotel. Uma dica: você pode fazer suas reservas para este e outros hotéis low budget no hostelbookers.




Domingo, 28 de junho

Vamos começar pelo final, o tour Ghost & Ghouls. Histórias de torturas, execuções, aparições, caças a bruxas, peste, baldes de excrementos atirados das janelas sobre passantes desavisados, tudo teatralmente contado, com participação do público. E ainda há quem reclame do mundo moderno. O clímax do passeio: descida aos vaults, espécie de câmaras subterrâneas sob a Ponte Sul que originalmente serviram de oficinas para ferreiros, sapateiros e outros artífices, mas abandonados por eles devido às goteiras e invadidas por malfeitores e desocupados, por sua vez expulsos por uma milícia e substituídos por fantasmas que (contam os guias, acredite se quiser) assombram os turistas que ousam descer a essas galerias sinistras.

De manhã, o Castelo de Edimburgo, a principal atração turística da cidade, no alto de um rochedo sobre um vulcão extinto, com uma vista panorâmica da cidade envolta em fog o dia todo (à tarde choveu). Espécie de “Torre de Londres” de Edinburgh (que os locais pronunciam “Edimbra”), o complexo abriga desde uma capela do século XIII (a construção mais antiga da cidade) até o memorial a todos os escoceses mortos na Primeira Guerra Mundial e nos conflitos subsequentes, bem como o gigantesco canhão de seis toneladas Mons Meg construído em 1449, os vaults (subterrâneos) onde ficaram os prisioneiros da Guerra dos Sete Anos, Guerra da Independência Americana e Guerras Napoleônicas, e muito muito mais.





Ia me esquecendo: a fim de ganhar coragem para o ghost tour, degustei dois uísques num pub. Um parêntese sobre a bebida: aqui você não encontra os uísques internacionalmente famosos, tipo White Horse, JB. Estes são os blended whiskies, para exportação. Os escoceses bebem (bebem mesmo? a impressão que se tem é que gostam é de beber cerveja) os malt whiskies, uísques de malte puro. Bebi primeiro um uísque mais suave, depois um uísque forte, gosto de madeira.


Segunda-feira, 29 de junho

Enfim o verão deu as caras em "Edimbra" e pudemos tirar as várias camadas de casacos. Onda de calor assola a Grã-Bretanha, mas um carioca tira isso de letra. Passeio pela Royal Mile, o coração da Old Town (Cidade Velha) e principal rua turística de Edimburgo. Royal Mile é uma espécie de nome de fantasia ou nome tradicional de uma rua que ao descer do castelo chama-se Castlehill, depois muda para Lawnmarket (corruptela de linen market), High Street, Canongate e Abbey Strand. Visitamos Gladstone’s Land, um dos poucos prédios remanescentes do século XVII, adquirido e restaurado pelo National Trust (o IPHAN daqui), com mobília, objetos e decorações daquela época; a gótica St. Giles Cathedral (Catedral de São Egídio); o cemitério de Canongate Kirk; The People’s History, museu sobre a vida no passado da população comum (plebeia) de Edimburgo. Na base da Royal Mile, o Palácio de Holyroodhouse, esta semana fechado para visitas pois abriga uma ilustre hóspede, a rainha britânica, em visita oficial à Escócia. Subimos parcialmente o caminho que leva ao topo do Arthur’s Seat, mas a bruma espessa não permitia que víssemos nada em volta, dando a impressão de estarmos no alto do Himalaia, embora o morro tenha apenas 251 metros de altura.

Finalmente, visita ao Mary King’s Close, complexo de antigas moradias e oficinas agora subterrâneas, pois sobre elas se ergueu o City Council.


Terça-feira, 30 de junho

Adquirimos um day ticket (£3 por pessoa) para podermos rodar de ônibus à vontade. Primeiro fomos às Leith Docks, no Firth of Forth, o estuário do rio Forth que desemboca no Mar do Norte. Nada de especial — apenas matar as saudades do velho mar. Depois visitamos a Georgian House, uma casa em arquitetura georgiana (conjunto de estilos predominantes no tempo dos primeiros quatro monarcas da Casa de Hanover, George I a IV, que reinaram de 1714 a 1830) na New Town, parte da cidade que passou a ser ocupada pela população mais abastada a partir do século XVIII. De lá rumamos a pé para Dean Village, bairro bucólico às margens do riacho Water of Leigh. Ainda encontramos tempo para percorrer Grassmarket, rua tradicional ao sul do Castelo de Edimburgo, perto da qual pudemos ver remanescentes das velhas muralhas da cidade e a elegante George Heriot’s School, fundada em 1628, que lembra a escola de Harry Potter. E ainda esbarramos no mal-assombrado Cemitério Greyfriars, com algumas inscrições tumulares em latim de tão velhas.






Quarta-feira, 1o de julho

Último dia em "Edimbra", cidade a que nos afeiçoamos. Pelo terceiro dia consecutivo, "almoçamos" no World’s End, pub tradicional que ficava nos limites da antiga cidade murada. Por que escrevi almoçamos entre aspas? Porque na verdade fazemos apenas uma refeição completa por dia no final da tarde (final da tarde pelos parâmetros brasileiros, porque aqui no verão só anoitece lá pelas dez). Durante o dia vamos sobrevivendo à base do café da manhã do hotel e de um ou outro muffin ou outra miudeza. E à noite comemos pães (às vezes pão árabe com salada & houmos & queijo comprados no Mark & Spencer - que a Mi apelidou de Mark & Expensive). Eu queria ver pinturas de paisagens escocesas, de modo que visitamos a Scottish Collection da National Gallery. Claro que não resistimos a olhar também a European Collection, com todas aquelas maravilhas que a gente encontra nos museus europeus: obras renascentistas e barrocas italianas, holandesas, francesas... Depois visitamos o Craigmillar Castle, as ruínas de um castelo do final da Idade Média. Eu havia lido a respeito num folheto turístico dos anos 80, mas no material de divulgação atual não vi menção a ele. A própria moça do tourist information office (uma brasileira que acabou nos atendendo em bom português) teve dificuldade em descobrir como chegar lá, precisou consultar o computador. Aqui vai a informação: ônibus 8 até a Royal Infirmary e lá pegar um caminho nos fundos do hospital (sem nenhuma seta indicativa) até o castelo. Belo panorama: ao longe o Arthur’s Seat, hoje sem neblina, algumas torres de igreja de Edinburgh e até o mar. O castelo, um labirinto de subterrâneos, escadas de pedra, torres... a gente acha que vai se perder, mas é pura paranoia.




Quinta-feira, 2 de julho

Os deslocamentos entre cidades/países constituem a pior parte da viagem. Acordar cedo, carregar bagagem (uma mochila, uma mala de rodinhas e uma bagagem de mão quase tão pesada como uma mala inteira), além de sacolas de bugigangas, até a estação/o aeroporto, controles de fronteira que, na era do terrorismo global, lembram os antigos e rigorosíssimos controles da antiga Cortina de Ferro... Na chegada, ter que arrumar um mapa da cidade e descobrir como chegar até o hotel... (Próxima viagem, não posso esquecer de levar os Guias Ilustrados da Folha.)

A gente se apega a uma cidade e tem que deixá-la sem saber se algum dia na vida voltará a vê-la.

De Edimburgo a Dublin voamos. Em princípio, prefiro os deslocamentos terrestres, mas o avião é tão rápido! Em Dublin, uns dez aviões chegaram ao mesmo tempo: fila gigantesca para passar pela migração. Nosso primeiro passeio pela capital irlandesa. Chuva pela primeira vez na viagem, enfim estreamos as capas de chuva. Falta aqui o glamour dos países mais abastados da Europa Ocidental — as pessoas não se vestem bem, existem pedintes... Amanhã vamos penetrar mais fundo na alma dublinense e desfazer essa impressão inicial. (Paradoxalmente, ao retornar ao Brasil descubro que a Irlanda possui o quinto melhor IDH do mundo, na frente da Holanda, Suíça e Suécia, e na classificação do Banco Mundial figura entre os países de alta renda.)


Sexta-feira, 3 de julho

O folheto (dentre vários que apanhamos no saguão do hotel) oferecia: Definitive Dublin Walking Tour. Nada melhor que um passeio guiado para captar o espírito de uma cidade (em Londres os walking tours são uma instituição: vários por dia, todos disputados.) Ponto de encontro: estátua de James Joyce, na esquina da O’Connell com a Talbot Street. Esperava encontrar uma multidão, como nos passeios londrinos. Acabamos fazendo um tour particular: ninguém mais apareceu. Precisei fazer um esforço sobre-humano para entender as copiosas histórias do guia num inglês dublinense (já havíamos encarado o inglês londrino e o escocês) e ainda por cima traduzir alguma coisa para a Mi. Através do guia fiquei conhecendo alguma coisa sobre a trágica história do povo irlandês, durante séculos oprimido pelos britânicos, tendo a duras penas conquistado a independência (parcial, já que o norte continuou integrando o Reino Unido). Rodamos por toda parte: Trinity College, Dublin Castle (que de medieval tem apenas a torre central; os demais prédios são em estilo gótico e georgiano; serviu de quartel-general para o governo de ocupação britânico), a estátua de Molly Malone (nome de uma canção popular, espécie de hino informal de Dublin, que narra a história de uma vendedora de peixes), o rio Liffey, que no dia de Saint Patrick é tingido de verde, a sede dos correios, em estilo neoclássico, onde os rebeldes do Levante da Páscoa de 1916 se aquartelaram (no interior do prédio existem fotos da rebelião) e em cujo exterior ainda se veem marcas das balas "perdidas", o antigo Parlamento, sede do Bank of Ireland.

À tarde, visita à Guinness. Na verdade, o que a gente visita é a antiga planta de fermentação transformada numa espécie de "experience" (exposição interativa) da Guinness. A fábrica propriamente dita, totalmente automatizada, a gente não vê. A cerveja tradicional bebida nos pubs ingleses é a ale, obtida com levedura de fermentação alta, de cor amarronzada e com sabor peculiar (no Brasil a Devassa fabrica algumas ales). Na época em que Arthur Guinness fundou a cervejaria, estava em voga entre os carregadores (porters) do mercado de Londres uma cerveja preta chamada porter. Arthur optou por abandonar a ale tradicional a favor da stout, uma cerveja ainda mais encorpada (stouter) do que a porter. O ponto alto (literalmente) da visita é a subida à torre panorâmica (o Gravity Bar) com vista de 360 graus de Dublin, onde servem um pint (unidade de volume que na Grã-Bretanha e Irlanda equivale a 0,568 litro) de Guinness (cerveja preta cremosa stout, feita com malte torrado - de volta ao Brasil, vim a descobrir que a velha Caracu também é uma stout).





Um curto comentário sobre o hotel: normalmente ficamos em hotéis low budget, mais baratos e sem maiores luxos, reservados pela Internet. Em Dublin, aproveitamos uma oferta do site da Air Lingus (pela qual voamos de Edimburgo para cá) de um hotel que oferecia uma noite grátis: Croke Park Hotel. Ainda por cima, em frente a um parque, pensei. Só que Croke Park é o estádio de futebol de Dublin! E quando chegamos no hotel, não acreditamos no que vimos: um hotel superluxuoso (4 estrelas), bem acima do padrão a que estamos habituados. Graças à diária gratuita o preço médio de cada um dos três dias equivaleu ao dos hotéis furrecas onde em geral ficamos.

Sábado, 4 de julho

Dublin é conhecida por chover nas quatro estações do ano e pela profusão de pubs. Encantados com Edinburgh, Dublin não despertou em nós uma paixão à primeira vista. Mas no sábado enfim saiu o sol e a cidade adquiriu um colorido novo. Os parques, o rio Liffey, os tijolos laranja dos prédios, as igrejas de pedra medievais (ou neogóticas), as canções tradicionais irlandesas num pub lotado (O'Donoghue's, em 15 Merrion Row, pertinho da St. Stephens Green - esta dica que estou dando vale ouro) ao som de violino, um tipo de banjo, uma espécie de sanfona, flauta, violão, a Guiness de colarinho cremoso, tudo isso fez com que a impressão inicial se dissipasse.







Domingo, 5 de julho

Último dia em Dublin. Chuva torrencial, compramos lembrancinhas e experimentamos a comida tradicional irlandesa (depois de dois dias de fast food): guisado em molho de Guinnees com cenouras, cogumelos, alhos-porós e ervas condimentícias. No estádio em frente ao hotel foi dia de jogo importante. Quando voltamos ao hotel para pegar a bagagem e rumar à rodoviária (Busáras), os torcedores voltavam do jogo, muitos com camiseta do time: famílias, crianças, nenhuma briga entre torcidas, nenhuma manifestação de euforia, como se o jogo tivesse terminado em 0 x 0 (soube depois com o chofer do táxi que um dos times venceu; aliás, soube com ele também que o Brasil ganhou a Copa das Confederações semana passada).


No ferry que faz a travessia do Mar da Irlanda escrevinho estas mal-traçadas linhas. Daqui a pouco enfrentaremos (pela segunda vez na viagem) a migração britânica: coragem!


Segunda-feira, 6 de julho

Na verdade, entramos da Grã-Bretanha por Gales (Ilha de Holyhead) e a guarda de fronteira (uma mulher) limitou-se a pedir os passaportes, olhou para a nossa cara, retirou-se por uns segundos para consultar algo (lista de procurados pela Interpol?) e nos deixou passar sem maiores revistas ou interrogatórios.

No avião não consigo pregar o olho: chego ao destino morto. De ônibus, durmo, acordo, durmo, acordo, e chego semimorto — bem melhor. Viemos de Dublin a Londres de ônibus. A travessia do Mar da Irlanda é feita num ferry. De volta à imponente Londres para terminar de ver tudo aquilo que em cinco dias não conseguimos. Mesmo com uma semana em Londres (hoje a domingo) foi difícil montar um cronograma. Em sete dias temos que visitar: aquário, museu de cera, Abadia de Westminster, Catedral de São Paulo, Palácio de Kensington, Kew Gardens, Clink Prison, Portrait Gallery, British Museum e terminar de ver a National Gallery e o Museu Victoria & Albert. Sem falar nas compras de lembrancinhas, livros e presentes e nos imperdíveis London Walks. Tão difícil quanto programar a agenda de um alto executivo.
Visitamos o Kensington Palace, um dos palácios reais históricos da Inglaterra. Em diferentes épocas diferentes reis e rainhas residiram em diferentes palácios: Torre de Londres, Hampton Court (Henrique VIII), Kensington (que abrigou as cortes de Guilherme III, Maria I, Queen Anne, Jorge I e Jorge II e onde mais recentemente moraram as princesas Margaret e Diana), Buckingham. O palácio fica no Kensington Park, colado no Hide Park, colado no St. James’s Park, colado no Green Park. No Rio percorro a Praia de Copacabana; se morasse aqui, andaria de parque em parque. Depois resolvemos explorar a culinária londrina e em Covent Garden (simpático bairro cheio de pubs e restaurantes onde os londrinos fazem happy hour) acabamos descobrindo a Monday Madness do restaurante Maxwell’s com descontos de até 40 por cento: filé de salmão e salada de queijo de cabra foram nossos pratos.




Terça-feira, 7 de julho

British Museum: impossível ver em um dia. Você pode vir ao museu dia após dia, fazer os Eye Open Tours por diferentes seções do museu (Grécia antiga, Egito antigo, etc.), ler todas as explicações (em inglês) de cada seção: melhor curso da história da humanidade impossível. No British Museum você verá de tudo: por exemplo, altos-relevos das frisas & esculturas dos frontões do Parthenon. Entre 1801 e 1805, Lorde Elgin, embaixador britânico no Império Otomano, um aficionado pela cultura grega antiga, com pleno conhecimento e permissão das autoridades otomanas, transportou as peças para Londres. O governo grego agora quer sua devolução. Você acha que os britânicos serão bobos de devolver esses tesouros? Na seção de arqueologia funerária egípcia, múmias e mais múmias. Altos-relevos em pedra assírios também estão lá. A pedra de Rosetta. Esculturas de mármore gregas e romanas. Antiguidades orientais. São 68 salas, algumas imensas. O British Museum foi fundado em 1753, a entrada é grátis (embora uma doação de três libras seja recomendada). Originou-se da vasta coleção de Hans Sloane, médico da Rainha Ana, Jorge I e Jorge II, incluindo 50 mil livros, 32 mil medalhas e medalhões, espécimes de flora e fauna, mapas e manuscritos, que embora avaliada por £80 mil foi vendida ao governo por meras £20 mil (numa época em que o salário anual médio do país era de £5).

À noite experimentei uma das tradicionais pies inglesas, espécie de empadão, só que de massa folhada, recheada com carne ao molho de cerveja. Se os franceses desenvolveram uma culinária baseada no vinho, os ingleses exploraram a cerveja. Ponto para eles!







Quarta-feira, 8 de julho

Em Londres tudo é descomunal, exagerado. Também a St. Paul’s Cathedral. Primeira catedral anglicana a ser construída, portanto sem nenhuma referência anterior. No local erguia-se a imponente catedral gótica, destruída no Grande Incêndio de 1666. St. Paul’s foi a primeira catedral do mundo cujo arquiteto (Sir Christopher Wren, enterrado na cripta junto com heróis como Lorde Nelson e o duque de Wellington) pôde contemplar ainda em vida a obra acabada. Se a Catedral de Colônia levou seis séculos para ser construída, a construção de St. Paul’s levou 35 anos. A cruz no topo fica a 365 pés (111 metros) do piso. A catedral tem três cúpulas, uma embutida na outra: a cúpula interna, que se vê de dentro da catedral, a cúpula externa, aquela que se vê de fora, e uma cúpula intermediária, de sustentação. Subindo-se 257 degraus chega-se à Whispering Gallery (Galeria dos Sussurros) ao redor da cúpula interna, onde um sussurro contra a parede num lado pode ser ouvido do lado oposto (você pode fazer o teste). Mais 119 degraus levam à Galeria de Pedra, em torno da cúpula externa, com vista panorâmica de 360 graus de Londres (ver fotos).





À tarde, Klink Prison, museu sobre os cruéis métodos de detenção na antiga prisão medieval que existiu no local.

À noite, outro maravilhoso London Tour, The Literary London Pub Walk. Para ouvir um fragmento clique aqui (o guia neste trecho aborda os frequentadores ilustres da antiga biblioteca do British Museum).

Quinta-feira, 9 de julho

Aquário de Londres: um dos maiores do mundo com 400 espécies de seres marinhos (tubarões, cavalos-marinhos, enormes tartarugas, arraias, Nemos, tudo) em cinquenta tanques, o maior deles, dos tubarões, com 1 milhão de litros d'água artificialmente salgada — não fica muito atrás do maior aquário do mundo, o Georgia Aquarium, com 500 espécies.

À tarde o famoso museu de cera Madame Tussauds, lotadíssimo (mas o pessoal aqui é educado, não há empurra-empurra), todo mundo querendo tirar fotos junto com as celebridades. O recém-falecido Michael Jackson, disputadíssimo. O museu inaugurou hoje uma figura de cera nova do rei do pop, a décima-terceira — recorde batido apenas pela rainha. Mas a gracinha das gracinhas é o menino prodígio Mozart. (O museu de cera é o único lugar do mundo onde você pode dar um pontapé na bunda do Hitler ou enfiar o dedo no seu nariz sem ser condenado ao pelotão de fuzilamento!)



Last but not least uma orgia gastronômica (apimentada) no restaurante de comida punjabi mais antigo de Londres, o Punjab. E ainda deu para tirar uma casquinha na National Portrait Gallery, que às quintas e sextas fecha às nove da noite, uma coleção de pinturas, bustos e (nos tempos modernos) fotografias dos homens e mulheres que forjaram a história britânica da Idade Média aos dias atuais.

Sexta-feira, 10 de julho

Terminamos de ver a Portrait Gallery. Visitamos as salas de pintura medieval da National Gallery.

Sábado, 11 de julho

Primeira parada, abadia de Westminster, onde desde Guilherme, o Conquistador os reis britânicos (com poucas exceções) têm sido coroados. Não só coroados, mas também têm se casado e sido enterrados ali. Além de uma série de reis e rainhas, a abadia abriga os restos mortais de cientistas (Newton, Darwin), músicos (Handel, que fixou residência em Londres em 1712 e lá viveu até 1759), poetas... A abadia original foi fundada em meados do século XI. A nave atual foi construída em meados do século XIII para servir de mausoléu a Henrique III. Segundo David Tucher, guia dos London Walks, Westminster Abbey é essencialmente uma "pirâmide" inglesa. Originalmente católica, com a Reforma tornou-se um templo anglicano. Entre as maravilhas da abadia está o teto de pedra em abóbada de leque da capela de Henrique VII.


Segunda parada, Victoria & Albert Museum (onde já estivéramos antes). Desta vez, vimos as British Galleries do período 1500-1760 (que percorremos de 1760 a 1500 porque nós, pobres subdesenvolvidos, diante da grandiosidade dos museus do Primeiro Mundo, sempre acabamos entrando pelo lado errado — pela porta dos fundos! — e vendo as coisas na ordem mais disparatada!) Ainda deu para ver a exposição de joias: joias de todas as épocas, da remota antiguidade à contemporaneidade. O resto do museu (pinturas, portraits em miniatura, gravuras & desenhos, vitrais, tapeçarias, fotografia, arte e design oriental) fica para uma futura viagem... ou seja, em duas longas visitas não deu para ver a íntegra do museu.




Domingo, 12 de julho

Despedida de Londres: um pouco de tudo.



Segunda-feira, 13 de julho

Depois de vermos (em Trafalgar Square) uma sucessão de um avião após o outro chegando em Londres, voltamos a perder o medo de voar. A conexão Londres-Amsterdam (de onde pegaríamos o voo para Sampa e de lá uma conexão para o Rio) partia às seis e meia da manhã, de modo que pernoitamos no Heathrow — "confortavelmente" instalados num banco. Voo tranquilo, consegui até dormir durante boa parte — milagre! Serviço da KLM, nota mil.



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7 comentários:

Lucilia disse...

Muita muita coisa para ler e curtir, rolei a barra e fui me deliciando. Genial a sua idéia de fazer o diário de forma fácil, relacionando coisa com coisa, e abrilhantando com fotos.

Minha cidade do coração é Londres. Pisei e me senti em casa. Já Amsterdam, nunca fui e agora quero conhecer o seu alto-astral. (comentário enviado por e-mail e inserido no blog pelo editor)

Zeca disse...

Linda a vigem! Lindas as fotos! Morro de saudade de Londres. Way cool. (enviado por e-mail)

Ana Lia disse...

BELA VIAGEM - FUNDO EM 2 PAISES. QUALIDADE GANHA DA QUANTIDADE. VALEU. (enviado por e-mail)

Adriana disse...

É sempre um prazer ler suas bem comentadas andanças. (enviado por e-mail)

Siomara de Cássia Miranda disse...

OI,Ivo.Belo passeio e lindas fotos!
Siomara de Cássia Miranda

Anônimo disse...

Ivo,
ótimo esse seu relato de viagem; principalmente pelo seu modo coloquial de narrar; isso faz com que pareça que estivemos lá juntos com vc. Parabéns!!!
Abs. Ju

Anônimo disse...

Ivo
Quando vi o filme A Filha de Ryan, passado na Irlanda, me apaixonei pela paisagem, ondas altas batendo nos rochedos, aí disse um dia vou lá,fui. Fiz o roteiro Reino Unido,pela falecida Soletur, que não decepcionou, amei tudo. Isso tem uns 18 anos, os brasileiros quase não viajavam à Irlanda, muito menos pelo interior (o tour rodava tudo quanto é interior), fui comprar um filme pra câmera e o vendedor chamou a avó, lá do fundo da lojinha: vem ver uma brasileira, vovó! E alfândega era sopa no mel, bons tempos.
Na carona virtual da sua viagem deu vontade de voltar. Valeu!