Tradução de IVO KORYTOWSKI
Seis anos atrás, o brasileiro Sergio Vieira de Mello, chefe da missão da ONU no Iraque após a invasão americana, morreu num desses atentados malucos com que os extremistas procuram... procuram o quê? Não há área conturbada neste último meio século em que Sergio não tenha atuado: Ruanda, Líbano, Iraque, Timor Leste, Camboja, Bósnia, Sudão, e ele cotado como possível candidato a secretário-geral da ONU. A biografia de Sergio, que tive o prazer de traduzir ao português para a Companhia das Letras, foi escrita pela jornalista e professora de Harvard Samantha Power, uma das maiores autoridades em relações internacionais. Um livro sobre um brasileiro tão relevante (e heroico) merecia virar best-seller. Pena que não virou.
TRECHO DA INTRODUÇÃO DO LIVRO:
A biografia de Sergio Vieira de Mello é também a biografia de um mundo perigoso, cujos males são grandes demais para serem ignorados, mas complexos demais para serem solucionados de forma rápida ou barata. Embora os tipos de conflito — e os focos da atenção do Ocidente — tenham mudado no decorrer das últimas quatro décadas, cada geração precisou lidar com vidas e sociedades destroçadas.
A questão, para ele e para nós, não é se devemos nos envolver no mundo, e sim como nos envolver. Ainda que não dispusesse de tempo para formular uma doutrina norteadora, ele dispunha da vantagem conferida por uma experiência de 34 anos para refletir sobre as pragas que nos preocupam hoje: guerra civil, fluxos de refugiados, extremismo religioso, supressão da identidade nacional e religiosa, genocídio e terrorismo.
Sergio Vieira de Mello passou mais de três décadas tentando salvar e melhorar vidas — vidas que ainda continuam com um futuro incerto. À medida que rufam os tambores de guerra e que as fissuras culturais e religiosas se abrem em fossos profundos, este é o momento ideal para buscar orientação com um homem cuja longa jornada sob o fogo cruzado ajuda a revelar as raízes dos nossos problemas atuais — e talvez as soluções para eles.
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