GLAUCO MATTOSO


No site oficial de Glauco Mattoso (clique) lemos: "Glauco Mattoso é poeta, ficcionista, ensaísta e articulista em diversas mídias. Pseudônimo de Pedro José Ferreira da Silva (paulistano de 1951), o nome artístico trocadilha com 'glaucomatoso' (portador de glaucoma, doença congênita que lhe acarretou perda progressiva da visão, até a cegueira total em 1995), além de aludir a Gregório de Matos, de quem é herdeiro na sátira política e na crítica de costumes.

[...] Jamais deixou, entretanto, de explorar temas polêmicos, transgressivos ou politicamente incorretos (violência, repugnância, humilhação, discriminação) que lhe alimentam a reputação de 'poeta maldito' e lhe inscrevem o nome na linhagem dos autores fesceninos e submundanos, como Bocage, Aretino, Apollinaire ou Genet."

Glauco
é sonetista recordista (registrado no Guiness), seu site inclui (até este momento) 2400 sonetos!

259 A AMÉLIA E EMÍLIA [1999]

Amélia era mulher, das de verdade:
estóica, seu rapaz jamais traíra.
Escrava do malandro e até do tira,
não tinha, na canção, qualquer vaidade.

Emília era boneca com vontade:
bem viva, embora fosse de mentira.
O elenco todo em torno dela gira.
No conto só se passa o que lhe agrade.

As duas são figuras caricatas,
mas muito verdadeiras pelas zonas:
Amélias são princesas vira-latas.

Emílias, ordinárias mas mandonas.
Comigo todas elas são ingratas:
Não ganho nem suas manhas nem suas conas.

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