O goiano Gilberto Mendonça Teles (1931), também importante crítico literário, é autor de extensa obra poética, de grande domínio formal e de vasta abrangência de registros, movendo-se do lírico ao satírico, com uma invariável agudeza para o jogo de palavras." (Alexei Bueno, Uma história da poesia brasileira, p. 378).
Gilberto Mendonça Teles é poeta que se desdobrou — com muita naturalidade e sem perder a voltagem poética — em ensaísta, crítico, antologista, conferencista e professor de literatura [...] tendo produzido uma das mais extensas e importantes obras da literatura brasileira contemporânea. (André Seffrin, "Poesia e crítica", in Poesia para todos n.7 - foto: obra de arte de Ronie Guimarães.)
NARCÍSICA
Num dia de muita graça,
de muita luz na caverna,
quando a forma se equilibra
numa arte antiga e moderna,
meu braço foi-se estendendo
como quem manda e governa,
tentando agarrar a imagem
da vida eterna.
Mas a imagem, muito viva
na sua espessura interna,
pegou meu braço e puxou-me
para o fundo da cisterna.
Num dia de muita graça,
de muita luz na caverna,
quando a forma se equilibra
numa arte antiga e moderna,
meu braço foi-se estendendo
como quem manda e governa,
tentando agarrar a imagem
da vida eterna.
Mas a imagem, muito viva
na sua espessura interna,
pegou meu braço e puxou-me
para o fundo da cisterna.
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