O a, que já reclamou por ganhar menos do que o o, hoje teme ser substituído pelo x. O b pede reparação histórica por ser sempre o pior lado do disco. O c às vezes faz a transição para virar ç. O D reclama de gordofobia. O e ganhou na justiça direito a hora-extra nas palavras neutres. De bracinhos abertos, o f expressa toda a sua indignação feminista. O G reinava sozinho, mas agora divide espaço com o L, o B, o T, o I e até o +. O H, que um dia foi usado para reforçar a masculinidade, hoje não tem voz; o h decidiu assistir a essa balbúrdia toda sentado. Símbolo fálico de uma sociedade patriarcal, o I foi devidamente cancelado. O J é anzol para pegar quem cai no discurso progressista. O k se reproduz às gargalhadas. Quando se sente minúsculo, o L acusa o i maiúsculo de apropriação cultural. O m é um camelo; se fosse dromedário, seria n. O O, careca, fica boquiaberto quando o chamam de opressor. O p da vida abriu agora mesmo o Twitter para xingar qualquer coisa. O q quer quotas para queers. O r precisa da companhia do s para rir. O s, aliás, fundou uma ONG pela volta dos plural. O T tá trans... tornado. O u, descubro neste momento, é a letra mais inexpressiva do alfabeto. O V é vice, é versa e, ao se casar consigo mesmo, virou W. Para o X, o gênero é uma construção social. O Y não sabe se segue à esquerda ou à direita. O z, diante do debate progressista, vira para o lado e zzzzzzzzzzzzzz.
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