E. Merson (Emerson Xavier da Silva) morou no mesmo prédio que eu em Santa Teresa nos anos 90 - outro que morava no prédio, o cartunista Luscar do Pasquim: uma turma da pesada! Em 1996 E. Merson lançou, no Centro Cultural Laurinda Santos Lobo, um livro de poesias extraordinário, o Poemecito (de onde retirei o poema abaixo). Um belo dia disse que ia pro Canadá trabalhar pra televisão de lá e... sumiu.
CREDO
Sinto pena de Deus, por ser perfeito
Nenhum pecado lhe tempera a vida
Nenhuma dor, nem mesmo uma ferida
Ser Deus apenas, seu senhor defeito
Deus fez somente o mundo: grande feito!
E abandonou o humano à sua lida
Não tendo criatura preferida
Não sente nada em seu divino peito
Tenho pena de Deus, mas nem lhe digo
Eu nunca poderei ser seu amigo
Não há consolo humano pro divino
Sendo o monoteísta mais antigo
Deus não enxerga além do próprio umbigo
Que não cortado nem o faz menino
Ouro Preto, 12.10.95
Sinto pena de Deus, por ser perfeito
Nenhum pecado lhe tempera a vida
Nenhuma dor, nem mesmo uma ferida
Ser Deus apenas, seu senhor defeito
Deus fez somente o mundo: grande feito!
E abandonou o humano à sua lida
Não tendo criatura preferida
Não sente nada em seu divino peito
Tenho pena de Deus, mas nem lhe digo
Eu nunca poderei ser seu amigo
Não há consolo humano pro divino
Sendo o monoteísta mais antigo
Deus não enxerga além do próprio umbigo
Que não cortado nem o faz menino
Ouro Preto, 12.10.95
2 comentários:
Andei lendo ontem o E. Merson, na obra referida. Gostei bastante. Ótima poesia cheia de mineiridade de um nordestino!
Abraço
Emerson foi meu vizinho em Santa Teresa nos anos 80. Depois ele foi para o Canadá (e eu vim para Copacabana) e perdemos o contato.
Postar um comentário