Enfim consumamos a viagem que deveria ter sido feita em abril de 2020. Já tinha passagens aéreas e de trem compradas, hotéis reservados, e eis que do nada somos acometidos por uma pandemia como não se via desde a gripe espanhola da década de 1920. As passagens foram reembolsadas mas as reservas de hotéis, não reembolsáveis, foram sendo adiadas, primeiro seis meses (esperança de que a peste terminasse tão cedo assim!), depois mais seis meses, e de adiamento em adiamento enfim vamos desfrutar esses quartos de hotel. Todos da rede Ibis.
11 de outubro de 2022 - Chegada em Madrid
Parque do Retiro |
prédios monumentais |
compramos pães, frios e saladas no supermercado |
12 de outubro - 1o dia em Madrid
Madrid nos surpreendeu: não sabíamos que era tão cosmopolita, tão animada, tão ensolarada, tão arborizada, cheia de parques, chafarizes, monumentos, prédios de linhas arquitetônicas elegantes e altura limitada e padronizada, deixando ver o céu, amplas avenidas, placas de ruas em painéis de azulejos e largas calçadas.
chafarizes |
placas de ruas em painéis de azulejos |
deixando ver o céu |
Museo Cerralbo |
Painel de azulejos na entrada de um restaurante |
De manhã ao deixarmos o hotel notamos algo anormal: pouquíssimo movimento e comércio fechado. Na plataforma do metrô, perguntei a um casal espanhol se era feriado, e confirmaram minha suspeita: sim, “dia festivo”, Día de la Hispanidad, celebrado desde o final do século XIX, no dia do descobrimento da América que proporcionou o chamado “encontro dos dois mundos” e iniciou a colonização europeia das Américas. Nesse dia ocorrem desfiles militares e exibições de aviões da força aérea. O centro histórico estava cheíssimo, e na Plaza Mayor uma orquestra tocava música espanhola.
No afã de aproveitarmos ao máximo o dia, saímos cedo do hotel, o que acabou fazendo com que, lá pelas quatro da tarde, fôssemos acometidos de um cansaço intenso (intensificado pela dificuldade de transitar no centro superlotado), fazendo com que voltássemos ao hotel e repetíssemos o esquema do ida anterior de comprar nosso jantar no supermercado para consumir no quarto do hotel. Mas ainda tomei uma cervejinha noturna na área de convivência do hotel (o chope chama-se caña, a pint inglesa, pinta).
Uma gíria do espanhol muito ouvida mas não ensinada no Duolingo: vale, uma espécie de “palavra curinga” que você vai inserindo na frase sem nada agregar ao seu sentido, como o “you know” inglês e o “tá sabendo” ou o “enfim” brasileiro.
13 de outubro - 2o dia de Madrid
Museu de arte na Europa tem que ser o primeiro programa do dia: você precisa estar com a mente refrescada pela noite de sono para fruir a beleza inaudita das colossais coleções de arte reunidas pelas grandes cortes europeias do passado (o MASP em comparação é aperitivo). Nos três pavimentos do Museu do Prado você vê salas e mais salas com as obras-primas dos grandes mestres da pintura. Não dá para ver tudo – beleza é como doce de leite, o excesso enjoa – de modo que optamos por percorrer o primeiro pavimento, com maior concentração de pintores espanhóis: Velázquez, Goya, Murillo, Ribera, El Greco, Zurbarán, Maíno – e de quebra enorme sala com pinturas monumentais do prolífico Rubens, que, ajudado pelos auxiliares e aprendizes de seu ateliê, legou mais de 1400 obras catalogadas.
Museu do Prado |
Desta vez não cometemos o erro de madrugar e nos cansarmos já no meio da tarde, de modo que encerramos o dia com chave de ouro saboreando tapas no Mercado de São Miguel.
Anoitecer em Madrid |
Teatro Real |
Iglesia de San Nicolás |
Plaza Mayor com estátua de Filipe III |
14 de outubro- 3o dia de Madrid
Palácio Real |
De novo começamos o dia pela atração que exige maior sensibilidade estética: o suntuoso Palácio Real, de 1764, menos famoso que Versalhes ou Schönbrunn, mas que não fica atrás, erguido no local do antigo Alcázar dos Habsburgos, destruído por um incêndio na véspera de Natal de 1734. Por ser uma atração muito concorrida, comprei os ingressos pela Internet antes de embarcar, evitando assim longa fila. A visita inclui 23 aposentos artisticamente decorados, cada um mais luxuoso que o outro, culminando na Sala do Trono. O palácio hoje em dia, além da visitação turística, abriga cerimônias oficiais, como no feriado de 12 de outubro, em que o encontramos interditado por bloqueios de segurança.
Tapete do Palácio Real |
Museo del Romanticismo (Museu do Romantismo) |
Aproveitamos a proximidade para visitar o Museu Histórico de Madrid e conhecermos melhor a evolução dessa antiga vila medieval que Felipe II escolheu para ser a capital da monarquia espanhola em meados do século XVI.
paella descomunal |
Após um descanso no hotel, à noite uma paella descomunal (uma porção só daria para nós dois, mas o olho foi maior do que a barriga) que teve como defeito o excesso de molho de tomate obliterando o sabor dos demais temperos. Após o regabofe, barriga estufada, caminhamos pelo centro madrilenho para “fazer a digestão”, contemplando lindos painéis de azulejos que decoram fachadas de tabernas e cervejarias.
lindos painéis de azulejos que decoram fachadas de tabernas e cervejarias |
15 de outubro - 4o dia de Madrid
No quarto dia deveríamos ter visitado a cidade de Toledo. Achei que era só chegar na estação ferroviária de Atocha, ir ao guichê comprar uma passagem, e embarcar. Mas nos dias atuais, se você não a adquire de antemão pela Internet, vai penar em uma fila quilométrica que anda a passo de tartaruga – e na descomunal estação que reúne os terminais suburbano e intermunicipal, até você descobrir onde fica o guichê que vende as passagens para Toledo, já perdeu um tempo enorme – de modo que decidimos deixar a visita a Toledo para as calendas gregas.
Aproveitamos para ver mais um museu nesta cidade onde são tão profusos: Museu Nacional de Artes Decorativas, tipo de museu comum na Europa, que exibe mobiliário e decorações de época, situado na área do Museu do Prado e Parque do Retiro. Aproveitamos para adentrar o parque onde eu havia pisado pela última vez na excursão europeia, presente de barmitzva, a cerimônia judaica de iniciação religiosa, de 1966. Desde então muita água rolou, como narro em meu livro de memórias, que acabou de vencer um dos Prêmios Literários da Cidade de Manaus e, quando for publicado, você se deleitará ao ler. Os barquinhos do lago artificial do parque, que tanto curti na viagem de então, como narro no diário que escrevi (“Na tarde livre fui com um amigo no Parque do Retiro, onde alugamos dois barcos”), continuam por lá fazendo a alegria dos novos meninos de quatorze anos.
Uma enorme manifestação de velhinhos protestava contra o que me pareceu uma reforma da previdência espanhola.
À noite |
16 de outubro - Madrid-Barcelona
Desde meus tempos
de Rede Ferroviária Federal fala-se em implantar o chamado “trem-bala” (TGV,
trem de grande velocidade) no Brasil, mas os planos nunca saíram do papel. Na
Europa tal transporte é corriqueiro, e transpusemos os mais de seiscentos
quilômetros que separam Madrid de Barcelona, uma vez e meia a distância entre
Rio e Sampa, em meras três horas e dez minutos.
Mar Mediterrâneo |
Do nosso Hotel
Ibis, na Carrer de la Ciutat de Granada (um parêntese: além do espanhol,
fala-se aqui o catalão, espécie de dialeto do espanhol com pitadas do francês,
onde carrer significa calle, rua e ciutat significa ciudad, cidade), perto da estação de
metrô Llacuna, caminhamos até a orla do Mar Mediterrâneo que tantas associações nos
traz à mente (cozinha mediterrânea, Mare Nostrum romano, livro The Pillars of Hercules do Theroux...) No caminho até a Platja del Bogatell (não preciso dizer que platja
é playa, praia) passamos por um cemitério (memento mori) e, ao nos
sentarmos em umas pedras num dos quebra-mares para contemplarmos a ambiência
praiana tão familiar aos brasileiros, percebemos, num trecho da areia, que
alguns banhistas, normalmente mais velhos, despiam-se antes de entrar na água,
bilau à vista sem o menor constrangimento, afora algumas mulheres com os seios
à mostra.
Carrer de la Ciutat de Granada |
17 de outubro - 1o dia em Barcelona
hordas de turistas querendo conhecer |
Com o jovem chofer de táxi, puxei conversa, sobre separatismo catalão, terrorismo basco, terrorismo islâmico. Informou que o país agora está pacificado. Observei que o nível de vida na Espanha é alto em relação à América Latina. Retrucou que não é tão alto quanto de outros países europeus, como França. A grama do vizinho sempre é mais verde.
bandeira com uma estrela num triângulo e listras vermelhas e amarelas |
Observei em algumas sacadas e lojas uma bandeira com uma estrela num triângulo e listras vermelhas e amarelas que à primeira vista julguei ser de Cuba, mas quando indaguei alguém, respondeu ser a bandeira da Catalunha independente.
Casa Milà, também conhecida como La Pedrera |
Casa Batlló |
sacada |
Palau Malagrida |
Deixamos a Sagrada Família para o dia seguinte (mas diante do alto preço acabamos não voltando lá) e rumamos a pé até o centro, onde andamos, andamos, andamos, seguindo mais ou menos um roteiro que eu havia traçado – olhando as atrações arquitetônicas só por fora, para no dia seguinte visitarmos o interior de algumas. No Passeig de Grácia: Casa Milà, também conhecida como La Pedrera, Casa Batlló, Casa Museu Amatller, Casa Lleó Morera, Palau Malagrida; Plaça de Catalunya; La Rambla. Depois os meandros do tortuoso Barri Gòtic (Bairro Gótico). Tapas: anchovas, croquetes de jamón, patatas bravas e torradas com tomate no Colom Restaurant. Vestígios das antigas muralhas romanas. Ruelas, lampiões, sacadas. Catedral gótica. Churros com chocolate em La Pallaresa Xocolateria Xurreria. Enquanto Michela visitava a Zara, quedei-me sentado num banco em La Rambla, contemplando o movimento ao anoitecer. A cidade impressiona pela quantidade de turistas, cuidado com a cidade, arborização, limpeza, elegância arquitetônica: cidade modelar.
Arte na rua do Bairro Gótico |
patatas bravas |
meandros do tortuoso Barri Gòtic (Bairro Gótico) |
Vestígios das antigas muralhas romanas |
Barri Gòtic (Bairro Gótico) |
Churros |
ao anoitecer |
18 de outubro - 2o dia em Barcelona
Catedral Gótica |
Enquanto no primeiro dia rodamos, rodamos, rodamos, no segundo dia adentramos algumas construções: primeiro a Catedral Gótica – afinal gótico de verdade (neogótico não conta) só tem na Europa – com seu interior de altura impressionante como se quisesse alçar-se aos céus (na Idade Média, sem aviões, esta devia ser a impressão), onde um organista nos brindou com uma “canja” tocando o que soava como tocata de Bach. Um elevador permite contemplar a vista do telhado, mas preferi não arriscar um surto de vertigem.
vi Barcelona do alto do terraço |
Segunda parada, Palau Güell, criação delirante do Gaudí ainda jovem, onde, aí sim, vi Barcelona do alto do terraço. Com três pavimentos labirínticos, tamanho o número de aposentos, embora desmobiliados, você se impressiona com a decoração estrutural que o arquiteto incorporou ao projeto. Eusebi Güell foi um industrial, político e mecenas que se tornaria importante cliente do arquiteto, e também um de seus melhores amigos.
pátio central |
Terceira parada, visita guiada (em espanhol) à Casa Amatller, espécie de palácio gótico urbano com pátio central, projetado no final do século XIX para o fabricante de chocolates Antoni Amatller, conservado no estado original com todo seu mobiliário e decoração de época. No final da visita você ganha uma caixinha de metal art nouveau de chocolates da marca Amatller e é convidado a comprar mais em uma lojinha no térreo.
Ultima parada, Colom Restaurant (o mesmo dos tapas de ontem), onde pedimos um arroz caudaloso (ou caldoso) com uns monstrinhos, que vocês podem ver na foto, que tivemos de destrinchar. Valeu-me o know-how adquirido com o saudoso Mário Vergueiro, dos velhos tempos da Superdata, que apreciava saborear siris no extinto Bar do Papai na Rua São José, centro carioca.
uns monstrinhos |
19 de outubro - Barcelona-Lisboa
“O que é a mistica Portuguesa? Chove? Está frio? Está calor? O que importa?
Nem que o desafio seja no fim do mundo, entre as neves das serras, sobre as águas ou no meio das chamas do inferno; seja por terra, por mar ou por ar, ei-los que aí vão, os Portugueses.
Ei-los que aí vão com o vigor dos pastores serranos ou com a alma dos velhos marinheiros; ei-los que aí vão resistindo, resistindo sempre, até que o tempo passe e só eles permaneçam, com a eterna humildade dos valentes e com o sereno orgulho dos vencedores.
E isto é a mística Portuguesa.”
Dizeres na parede do segundo piso da Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau da Rua Augusta
Viagem de avião |
Viagem de avião Barcelona-Lisboa. Avião é sempre o mesmo perrengue: tem que chegar com antecedência no aeroporto, passar pelo controle de segurança, descobrir naquela imensidão em qual portão será o embarque, viajar apertado numa aeronave abarrotada...
Depois do choque de civilização da Espanha (renda per capita quase três vezes maior que a brasileira) – país que passou por uma guerra civil e ditadura fascista no século XX mas soube pegar o bonde da história e dar um salto de afluência –, em Portugal, não só pelo idioma “semelhante” ao nosso (há diferenças como “atenção para o intervalo entre o comboio e o cais”, no Brasil “cuidado com o vão entre o trem e a plataforma”), mas também por uma certa ineficiência/desleixo “terceiro-mundista” –praça com vegetação mal cuidada, um “tapete rolante” (esteira rolante) e elevador do metrô quebrados, pedras portuguesas soltas, transporte público para um local turístico de grande afluência como Belém superlotado (poderiam pôr mais viaturas em circulação), carro que ignora o sinal e avança sobre a faixa de pedestres, etc. – voltamos a nos sentir em casa.
pastéis de nata |
Rodamos um pouco pelo centro lisboeta e matamos as saudades dos pastéis de nata e pastéis de bacalhau. Pastel em Portugal nada tem a ver com o pastel brasileiro. Pastel de nata é um doce tradicional, cuja versão mais famosa é o pastel de Belém, marca registrada que só pode ser utilizada pela loja Pastéis de Belém, fundada em 1837, adjacente ao Mosteiro dos Jerónimos; e pastel de bacalhau é o nosso bolinho de bacalhau.
20 de outubro - 1o dia em Lisboa
“O Azulejo é uma arte identitária de Portugal.
O seu uso, sem interrupção nos últimos cinco séculos, distingue-se do modo como foi entendido noutras culturas, afirmando um gosto português. O Museu é o ponto de partida para conhecer este património que pode ser visto em todo o país, aplicado nos espaços para que foi concebido.”
Informação no Museu Nacional do Azulejo
O Azulejo é uma arte identitária de Portugal |
Saltamos do metrô na estação Santa Apolônia e pegamos o autocarro (ônibus) 759 rumo ao Museu Nacional do Azulejo, que é o grande museu de arte da cidade de Lisboa, instalado no antigo Convento da Madre de Deus, fundado em 1509 pela rainha Dona Leonor. Para mim que sou aficionado pela azulejaria, um encanto. Durante anos percorri os subúrbios cariocas de influência lusitana procurando e fotografando painéis de azulejos em fachadas de casas, bares e padarias, etc., como você pode ver clicando aqui. O museu não só percorre a história dos azulejos em terras lusitanas, como inclui belíssima igreja e claustro do tempo em que a construção abrigava o convento. No terceiro dos três pisos, a monumental vista panorâmica de Lisboa anterior ao “terramoto” (terremoto no português brasileiro) de 1755.
vista panorâmica de Lisboa anterior ao “terramoto” |
Depois fomos subindo as ruelas do velho bairro da Alfama que vão dar no Castelo de São Jorge ao alto. Aí a gente já vê semelhanças com “sítios” (locais, idem) do Rio antigo como o Morro da Conceição.
sacadas com grades de ferro forjado |
Vê uma ruela estreita com calçamento de pedra |
Eu já estivera em Lisboa na excursão mencionada de 1966 e na viagem de hippie de 1972, para depois só retornar no grand tour europeu de 2016, ocasião em que escrevi no diário de viagem (que você pode ler clicando aqui):
Existe a Lisboa europeia, “moderna” das grandes avenidas e praças, Avenida da Liberdade, Rossio, Praça da Figueira, Praça do Comércio, as avenidas à margem do Tejo, a ponte sobre o Tejo, e existe a Lisboa antiga, as ruas, becos, vielas, escadinhas e profusão de sacadas e azulejos de Alfama, Mouraria, Cidade Alta. Você vê uma escadinha e lembra do Morro da Conceição no Rio de Janeiro. Vê uma vista de vegetação e telhados e lembra de Santa Teresa. Vê uma ruela estreita com calçamento de pedra e lembra do Outeiro da Glória. Vê um prédio velho com paredes descascadas e lembra da Rua Cândido Mendes. Portugal é o país europeu onde você, brasileiro, se sente mais em casa. Aqui estão as nossas raízes. As porções generosas nos restaurantes, roupas penduradas em varais nas janelas, as calçadas de pedras portuguesas, algumas soltas, criando buracos, o pão de Deus que é nosso pão doce, a simpatia com o estrangeiro, as sacadas com grades de ferro forjado, os azulejos, os pastéis de bacalhau que são nossos bolinhos de bacalhau, o quindim, brigadeiro (que aqui é doce de confeitaria enquanto no Brasil é doce de festa de aniversário), um carro estacionado na calçada na cidade velha, a espera longa no ponto pela condução, tudo isso aqui em Lisboa lembra o nosso Brasil! Afinal, Portugal, na designação de David Nasser, é nosso avozinho.
azulejos |
21 de outubro - 2o dia em Lisboa
“Não faltaram Cristãos atrevimentos
Nesta pequena casa Lusitana.”
Camões
o Padrão dos Descobrimentos que comemora os “atrevimentos” lusitanos ao desbravarem mares nunca dantes navegados |
De manhã pegamos o elétrico (bonde) 15E, linha Praça da Figueira-Algés rumo ao bairro lisboeta de Belém, onde já estivéramos na viagem anterior. Superlotado, turistas na maioria, gente de pé caindo sobre mim, sentado. A emblemática Torre de Belém, vetusta fortificação manuelina quinhentista, o Padrão dos Descobrimentos que comemora os “atrevimentos” lusitanos ao desbravarem mares nunca dantes navegados, os famosos pastéis de Belém que por si sós valem uma visita ao bairro. Depois, último dia de viagem, zanzamos. Enquanto os demais turistas voltavam a lotar a linha 15, nós, macacos velhos, pegamos o autocarro da linha para Santa Apolônia, que segue por uma via expressa ao longo do cais e nos deixou no “pração”, a Praça do Comércio, antigo Terreiro do Paço, onde em minha viagem solitária e porra-louca de 1972 fui fumar meu primeiro cigarro Minister no ultramar depois de desembarcar do 707 da Varig que me trouxera a este outro lado do Atlântico. Atlântico que em tempos idos se levava mais de dois meses para transpor. E continuamos zanzando, zanzando, que é o que se faz em fim de viagem, até que ao entardecer, após enfrentarmos fila de uns 45 minutos, já caindo pelas tabelas, conseguimos subir pelo Elevador de Santa Justa ao Bairro Alto, de onde pudemos fotografar os telhados lisboetas. E tudo terminou com um bacalhau ao Brás, servido por um garçom mineiro.
telhados lisboetas |
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