Três Quadras do RUBAIYAT de Omar Khayyam

Tradução de Ivo Korytowski


O Rubaiyat é uma coletânea da poesia do poeta persa do século XII Omar Khayyam compilada e traduzida para o inglês por Edward Fitzgerald e publicada em 1859. Trabalhando com dois manuscritos, um do século XV e outro de origem relativamente moderna, Fitzgerald, mais poeta do que erudito, “destilou”e fundiu cerca de 600 quadras, ou rubaiyat. (Merriam Webster’s Encyclopedia of Literature)

Segundo Fitzgerald, Omar Khayyam foi educado junto com dois amigos igualmente brilhantes: Nizam al Mulk e Hasan al Sabbah. Um dia, Hasan propôs que, como pelo menos um dos três alcançaria a riqueza e o poder, eles deveriam jurar que “quem quer que seja bafejado por essa sorte deverá compartilhá-la eqüitativamente com os outros, abrindo mão da proeminência”. Todos fizeram o juramento e, no devido tempo, Nizam tornou-se vizir do sultão. Seus dois amigos procuraram-no e reivindicaram seu quinhão, que ele concedeu como prometido.

Hasan solicitou e obteve um posto no governo; porém, insatisfeito com seu avanço, abandonou-o para se tornar o líder de uma seita de fanáticos que espalharam o terror pelo mundo muçulmano. Muitos anos depois, Hasan acabaria assassinando seu velho amigo Nizam.

Omar Khayyam
não pediu título nem cargo público. “A maior dádiva que podeis me conceder”, disse a Nizam, “é deixar-me viver a um canto sob a sombra de vossa fortuna para propagar as vantagens da ciência e orar por vossa longa vida e prosperidade.” Embora o sultão adorasse Omar Khayyam e o cumulasse de favores, “a audácia epicurista de pensamento e linguagem de Omar fez com que fosse visto com desconfiança em sua época e em seu país”. (do capítulo 2 de Peter L. Bernstein, Desafio aos Deuses, Editora Campus, tradução portuguesa de Ivo Korytowski)


Ah, make the most of what we yet may spend,
Before we too into the Dust descend;
Dust into dust, and under Dust to lie,
Sans Wine, sans Song, sans Singer, and — sand end!

Temos que aproveitar o tempo pela frente,
Antes que nosso corpo em pó se fragmente;
Do pó vieste e para o pó retornarás,
Sem vinho, sem canção, sem festa — para sempre!



Whether at Naishápur or Babylon,
Whether the Cup with sweet or bittter run,
The Wine of Live keeps oozing drop by drop,
The Leaves of Life keep falling one by one.

No Rio de Janeiro, Bagdá ou Xangai,
Contenha a taça doce ou amarga bebida,
O vinho da vida gota a gota se esvai,
E, uma a uma, caem as folhas da vida.



Of threats of Hell and Hopes of Paradise!
One thing at least is certain — This Life flies;
One thing is certain and the rest is Lies;
The Flower that once has blown for ever dies.

Entre o medo do inferno e a fé na salvação,
Só uma coisa é certa: a vida é um turbilhão.
Só uma coisa é certa, e o resto é ilusão:
As flores que murcham jamais retornarão.

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