CARLOS PENA FILHO

Aldemir Martins, Gatos

Um fenômeno da poesia pernambucana prematuramente falecido aos 31 anos num desastre de automóvel. Segundo Alexei Bueno em Uma história da poesia brasileira, "dos maiores poetas de sua geração e um dos grandes sonetistas brasileiros. Seu Livro geral, de 1959 [...] é um dos mais importantes livros de sua geração."

A SOLIDÃO E SUA PORTA

Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
e quando nada mais interessar,
(nem o torpor do sono que se espalha).

Quando, pelo desuso da navalha
a barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha

a arquitetar na sombra a despedida
do mundo que te foi contraditório,
lembra-te que afinal te resta a vida

com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída:
entrar no acaso e amar o transitório.

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3 comentários:

Geraldo Reis Poeta disse...

Belo poema. Na escolha, Ivo, posso dizer que você foi muito feliz.
Estou conhecendo agora esse blog que estarei visitando sempre e estarei também divulgando. Espero (olha a cantada!) ver um poema de Geraldo Reis publicado nesse terreno; e aí, sim, vou me sentir iluminado, antiga Vila Rica, antiga Ribeirão do Carmo e desde Curral Del Rey, hoje Belo Horizonte. Meu abraço poético. Sucesso!

Cyro de Mattos disse...

Conheço o poeta, de expressão maior, sentimentos profundos, embora desconhecido para muitos. Isso é comum em país como o nosso, de políticos corruptos, elogio a porqueiras como Big Brother e outras mazelas.
Mas não vamos desistir, pois sabemos que o bom poeta dá novos sentidos à vida, isso é fundamental como o amanhecer. É o que nos tira do caos. (enviado por e-mail e inserido aqui pelo editor do blog)

Alexei Bueno disse...

Grandíssimo poeta, morto num estúpido desastre de automóvel aos 31 anos. (enviado por e-mail)