ALICE DE CARVALHO MONTEIRO PENNA FIRME é jornalista e carioca da gema. Nasceu no Grajaú. Hoje é moradora de Copacabana, uma babel onde os contrastes se misturam democraticamente. Aos oito anos, escreveu sua primeira poesia intitulada "Pobreza", inspirada na tocante cena de um menino maltrapilho que vendia laranjas em uma estação ferroviária, quando viajava de férias, num trem de madeira para Montes Claros, região Norte de Minas Gerais. Nascia ali sua veia poética.
ANJOS SONÂMBULOS
Beijo de sal e tabaco
na boca da noite.
Arrepio.
Corpo exilado de noites insones,
muito além da lembrança
do que foi.
Amor da noite desconhecida,
secreta noite
dos prazeres da carne.
Desejo,
despudorado silêncio.
E na boca da noite
o grito do gozo
ecoa sem pejo e desaba paredes.
Acorda o mundo,
desperta o pássaro
que canta na janela fechada.
Anjos e demônios
se abraçam em êxtase total.
ABISMOS
Desço ao abismo de mim
quando teu sexo
verte a vida
nas minhas entranhas.
Volto da viagem abissal
porque tuas mãos vigorosas
me arrancam do âmago da terra.
Misturo nossos fluidos
e neste momento difuso,
impreciso e solitário,
todas as criaturas estão em mim.
Sinto-me morrer um pouco,
seduzida e flagelada pelo
infinito prazer que me dás.
Mas este prazer agora
não é mais teu nem meu.
Não nos pertence.
É um prazer abundante
como a água dos mares.
E fecundo como a terra.
É um prazer que me embriaga
como se fosse uma bacante.
É um prazer embriagante
como a morte.
É como um deleite,
tão deslumbrante
como a própria vida.
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