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Ó linda situação para se fundar uma vila! |
Na segunda-feira o núcleo histórico de Olinda estava semivazio, com restaurantes, museus e sorveterias (faz calor) fechados, porque funcionaram sábado e domingo, de modo que não é o dia ideal para iniciar um passeio de reconhecimento, mas não sabíamos. Fizemos uma longa caminhada para obter uma primeira impressão, e dois importantes templos que abrem hoje salvaram o dia: Convento de São Francisco com a Igreja de Nossa Senhora das Neves e a Igreja e Mosteiro de São Bento.
Sobre a origem do nome Olinda os
guias contam uma versão que Gilberto Freyre também consigna em seu “guia
prático, histórico e sentimental” da cidade (pág. 23): “[...] foi o próprio Duarte
Coelho, primeiro donatário de Pernambuco, que exclamou diante do monte: Ó linda
situação [posição] para se fundar uma vila!”
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Igreja da Misericórdia |
O roteiro que tracei começaria
pela visita à Igreja da Misericórdia aqui perto do hotel, que estava fechada,
mas fotografei a casa contígua que, segundo o guia do Gilberto Freyre (p. 142),
foi a única salva do incêndio que os holandeses atearam à cidade em 1631.
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a casa contígua que, segundo o guia do Gilberto Freyre, foi a única salva do incêndio que os holandeses atearam à cidade em 1631 |
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de onde se descortina a vista da cidade morro abaixo com seus telhados vermelhos, o mar azul-turquesa ao fundo e os prédios de Recife ao longe à direita |
Seguimos
a Rua Bispo Coutinho, a mais alta do núcleo histórico, de onde se descortina a
vista da cidade morro abaixo com seus telhados vermelhos, o mar
azul-turquesa ao fundo e os prédios de Recife ao longe à direita. Aproximamo-nos do Farol de Olinda, que ainda funciona (acende as luzes de noite como pudemos constatar do pátio de nossa pousada-convento),
mas não pode mais ser visitado por dentro, e cujo outeiro, no alto do qual se
ergueu, foi sendo ocupado por casas de população de baixa renda e (pelo que
ouvimos) não é área segura para turistas.
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Aproximamo-nos do Farol de Olinda |
O Brasil de 90 milhões em ação da Copa
de 1970 hoje abriga 200 e lá vai fumaça e, embora sejamos uma economia pujante que
exporta aviões e alimentos para meio mundo, as eternas crises políticas impedem
que um novo milagre econômico eleve nossa renda per capita a níveis de primeiro
mundo, incorporando à classe média as hordas de pobres que habitam as
periferias das nossas cidades inchadas.
CONVENTO DE SÃO FRANCISCO E
IGREJA DE NOSSA SENHORA DAS NEVES
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Igreja de Nossa Senhora das Neves encaixada entre dois dos diversos blocos do convento. Uma ideia da disposição do conjunto é dada pelo Google Maps. O livro Patrimônio Construído assim descreve a fachada da igreja: "A igreja se abre em arcada tripla encimada por três janelas de verga reta no coro. Acima da cimalha, frontão barroco com nicho central. Nos cunhais ao nível do coro, em partido típico de tantos conventos franciscanos, duas volutas saem dos cunhais pousando sobre o pavimento térreo mais largo." |
O convento de São Francisco, primeiro
convento franciscano brasileiro, construído em 1585, abriga ainda alguns frades
(não reclusos, exercem atividades externas também, alguns cursam universidade),
que rezam por nós, seculares, agnósticos, ou mesmo ateus. Pode ser visitado de
segunda a sábado e abriga um tesouro, o maior acervo de azulejaria portuguesa
dos séculos XVII e XVIII do Nordeste – no claustro (dezesseis painéis rococó que relatam milagres de São Francisco e seu apreço pela natureza); capela do capítulo (único cômodo remanescente do convento original, onde os capítulos das Regras da vida franciscana eram lidos, com azulejos nas paredes laterais do barroco luso-brasileiro do século XVII); e Igreja de Nossa Senhora das Neves (azulejos nas paredes laterais com cenas da vida de Cristo) – prazer para os olhos e o espírito que nos
legou o colonizador luso, junto com o idioma de Camões.
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maior acervo de azulejaria portuguesa dos séculos XVII e XVIII do Nordeste |
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Capela do Capítulo: azulejos nas paredes laterais do barroco luso-brasileiro do século XVII |
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Capela do Capítulo: Santo Antônio |
“Dos conventos de Olinda, hoje de
pé e com religiosos, que merecem a visita do turista, destaca-se o de São
Francisco, fundado em 1585, incendiado pelos holandeses em 1631 e reconstruído
de 1715 a 1755 – ano em que terminaram as obras de reconstrução. [...] O
interior da igreja do convento ostenta painéis de azulejo representando a vida
de Nossa
Senhora que são dos mais bonitos de Olinda.” (Gilberto Freyre, Olinda: 2º Guia Prático, Histórico e
Sentimental de Cidade Brasileira, 6ª edição, Global Editora, pág. 100)
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costa de Olinda, com seus barquinhos, quebra-mar e o oceano azul turquesa |
IGREJA E MOSTEIRO DE SÃO BENTO
Para baixo todo santo ajuda, de
modo que descemos a ladeira de São Francisco, que nos levou à costa de Olinda, com
seus barquinhos, quebra-mar e o oceano azul turquesa. Sob um calor de verão
carioca margeamos o Parque do Carmo, adentrando-o um pouquinho, em demanda da Igreja
e Mosteiro de São Bento, que reabriria às 14 horas.
O conjunto conheceu uma
história tortuosa, como narra o guia de Gilberto Freyre: originalmente
construído em 1599, foi arruinado pelo incêndio de Olinda de 1631 ateado pelos
holandeses. “Nos meados do século XVIII, iniciou-se a reconstrução do Mosteiro
de São Bento de Olinda, que resultaria no seu aspecto atual. Não se acabou de
vez, mas por partes, essa reconstrução, pode-se dizer que foi trabalho feito
com vagar ou paciência beneditina.” (Gilberto Freyre, Olinda, págs. 101-2) Se você olhar o
conjunto do alto no Google Maps, verá que “o mosteiro forma uma quadra em
torno do claustro [...] A igreja ocupa uma das alas [...] Na década de 1770, a
capela-mor foi ampliada, tomando para isso o espaço da sacristia; um corpo
saliente nos fundos do mosteiro foi edificado a fim de abrigar uma nova
sacristia”. (Alexei Bueno, Augusto da Silva Telles e Lauro Cavalcanti, Patrimônio Construído: As 110 mais belas
edificações do Brasil, Capivara Editora) Um módico ingresso dá acesso à igreja,
em cujo interior guias se alternam descrevendo o templo e sua história. A nave
única, em rococó leve, destoa da capela-mor profunda, cujo grande retábulo, folheado
a ouro, aponta para a chegada do neoclassicismo.
O centro histórico, pitoresco,
colorido – mas sem a homogeneidade arquitetônica de cidades históricas como Ouro
Preto e Parati – é palco do famoso Carnaval que, para preservar as construções
antigas e os supostos túneis subterrâneos do tempo da invasão holandesa,
utiliza bonecos gigantes em vez de carros alegóricos ou trios elétricos.
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O centro histórico, pitoresco, colorido |
Subimos de volta ao hotel de Uber e, após o descanso, fomos jantar
camarão ao catupiry regado a caipirinha num restaurante, o Estrela de Olinda,
na orla da parte moderna (o Bairro Novo), com direito a caminhada para fazer a
digestão no calçadão a beira-mar. Na volta o motorista do Uber contou causos do
tempo em que percorria o país como carreteiro (caminhoneiro). Certa vez, ao dar
carona a um colega achando que poderia ajudá-lo nos momentos de cansaço, descobriu que este sequer sabia interpretar a sinalização de
“ultrapassagem segura” da carreta em frente, mas quando deu carona a uma mulher
sem esperar nada dela, aí sim se surpreendeu com sua destreza ao volante do
caminhão.”
Terça-feira, 24 de setembro:
Recife I
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de cuja varanda, onde tomamos o café da manhã, se descortina a mesma vegetação pontilhada de coqueiros retratada por Frans Post no século XVII |
Estamos hospedados na Pousada Histórica Convento da Conceição, na parte
mais alta de Olinda, que ocupa as dependências de um antigo convento, com
claustro e tudo, e de cuja varanda, onde tomamos o café da manhã, se descortina
a mesma vegetação pontilhada de coqueiros retratada por Frans Post no século
XVII. Deveríamos ter vindo em julho para o aniversário de setenta anos do meu
irmão Sérgio, que tem uma filha, Bárbara, e um neto, João, em Recife, mas meu
pós-operatório da hérnia de disco me obrigou a protelar a viagem e cá estou, em
final de setembro, enfim recuperado das dores. Gilberto Freyre menciona o
antigo convento à página 105 de seu guia: “Um recolhimento de Olinda que se
tornou célebre pelos seus doces chamados ‘doces de freiras’ foi o da Conceição
de Olinda, no alto da [Ladeira da] Misericórdia.”
Após um passeio exploratório por
Olinda no primeiro dia, neste segundo dia fizemos nossa primeira incursão à
vizinha Recife, com duas visitas imperdíveis para os aficionados por arte e
cultura: a casa onde morou o genial sociólogo, antropólogo e escritor Gilberto
Freyre e o complexo de deixar o visitante boquiaberto que reúne as coleções do
empresário Ricardo Brennand.
CASA-MUSEU MAGDALENA E GILBERTO
FREYRE da FUNDAÇÃO GILBERTO FREYRE
Se no Rio o chalé onde residiu
Machado de Assis por grande parte da vida foi demolido, aqui se preservou a
vivenda do século XIX onde Gilberto Freyre morou por mais de quarenta anos, no
bairro que deve seu nome ao antigo engenho que se erguia no que outrora
constituía a zona rural de Recife: Apipucos. A casa está aberta a visitas
guiadas de meia em meia hora, de segunda a sexta-feira, das 9:00 às 16:30.
Não é permitido fotografar o
interior da casa, mas o folder distribuído dá uma boa ideia do conteúdo:
“Uma biblioteca. É essa a
lembrança que vem à mente do visitante que percorre os ambientes da Casa-museu.
Os livros estão por toda parte. Nas estantes da sala de estar, no chão do
gabinete de trabalho, na mesa da antessala e onde mais for possível acomodar
uma rica coleção de aproximadamente 40 mil volumes.
Mas não se tem dúvida de que se
trata de uma casa. Uma casa acolhedora e rica em elementos do cotidiano. De tal
forma, que a sensação é que, ao ultrapassar cada porta, vamos nos deparar com
seus moradores envolvidos em sua rotina diária. Com Gilberto e Magdalena,
sentados no solário, recebendo os amigos com conhaque de pitanga ou com o
escritor esparramado confortavelmente na poltrona de seu gabinete de trabalho.
Diversidade é a palavra
apropriada para definir as coleções que formam o acervo da Casa-museu. Em cada
ambiente, o visitante encontra uma mistura harmoniosa de objetos de origem e
estilo variados, recolhidos por Freyre nas suas viagens ou presenteados por
amigos e parentes.
Imagens sacras católicas se
juntam a peças em marfim e ébano de origem africana. Porcelanas orientais e
cerâmicas regionais dividem espaço, nos móveis em madeira de lei, com prataria
inglesa e portuguesa.
Azulejos portugueses, que tratam
da vida de Nossa Senhora, ilustram as paredes, juntamente com quadros de
artistas brasileiros, como Cícero Dias, Lula Cardoso Ayres, Di Cavalcanti,
Francisco Brennand, Baltazar da Câmara e do próprio Gilberto.”
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Azulejaria na lateral da casa de Gilberto Freyre |
INSTITUTO RICARDO BRENNAND
Quem vem a Recife pela primeira
vez, ou não vem faz tempo, não espera encontrar nessa metrópole nordestina um
complexo artístico e cultural tão rico, tão diversificado, tão “primeiro mundo”. Considerado
um dos dez melhores museus brasileiros (em alguns rankings em primeiro
lugar), o Instituto impressiona 1) pela área ocupada (77.603 m2) nas
terras do antigo Engenho São João; pelos jardins de esculturas; 2) pela
arquitetura “historicista” que os puristas podem tachar de “pastiche”, mas que conseguem
criar uma ambiência que nos transporta ao continente europeu; 3) pelas variadas e
vastas coleções do empresário Ricardo Brennand: artes plásticas e decorativas, arte sacra, arte oriental,
papel machê mexicano, globos terrestres, mapas cartográficos, iconografia da
Recife e Rio antigos, tapeçarias francesas, biombo japonês, louças e porcelanas – inclusive algumas produzidas de 1947 a 1965 pela Fábrica de Porcelanas
Brennand e uma coleção sui generis de
1270 “xícaras de bigode” com uma saliência em meia-lua na borda que impede que o
bigode se molhe – armas brancas e armaduras medievais, documentos raros do
período da ocupação holandesa (1630-54), sala de figuras de cera representando
a ascensão e queda de Nicolas Fouquet.
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arquitetura “historicista” |
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uma ambiência que nos transporta ao continente europeu |
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artes plásticas |
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armaduras medievais |
O nome
do instituto homenageia o tio Ricardo Lacerda de Almeida Brennand, de quem seu
sobrinho Ricardo Coimbra de Almeida Brennand, o criador do museu, “herdou o bom
gosto pelas artes e peças de antiguidade”. “Tio Ricardinho”, uma figura introspectiva que se autodenominava O Taciturno, foi pai de Francisco
Brennand, importante ceramista e escultor que também deixou sua marca na cidade
de Recife.
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tio Ricardo Lacerda de Almeida Brennand, o “Tio Ricardinho”, uma figura introspectiva que se autodenominava O Taciturno |
Custa crer que uma única pessoa
tenha conseguido reunir tamanho acervo de objetos, alguns de valor inestimável:
maior coleção privada do mundo de obras do pintor de panoramas neerlandês Frans
Post; cenas venezianas do pintor de paisagens urbanas Canaletto que orçam às
dezenas de milhões de dólares; tapeçarias Gobelins de temática tropical; grupos
escultóricos chineses, estonteantes pelo detalhismo, em marfim de mamute, um
animal extinto! Ricardo foi um industrial que, a certa altura da vida, vendeu
sua fábrica de cimento a um grupo português e, com o montante arrecadado,
construiu esse colosso recifense.
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Custa crer que uma única pessoa tenha conseguido reunir tamanho acervo de objetos: detalhe da pintura O Colecionador de Renato Meziat mostrando o colecionador Ricardo Brennand |
O complexo abriga cinco edificações
que procuram recriar o estilo gótico Tudor: 1) o restaurante; 2) a Galeria Lourdes
Brennand que entre uma exposição temporária e outra, exibe a coleção de
arte pernambucana dos séculos XX e XXI do acervo do Instituto; 3) a pinacoteca/biblioteca/cafeteria; 4) o Castelo
São João com a coleção de armas brancas (inclusive canivetes), armaduras,
cintos de castidade, relógios e quadros de nus femininos; 5) a capela Nossa Senhora
das Graças. A inteira custa 50 reais, mas na última terça-feira do mês,
exatamente o dia em que fomos, a entrada é grátis, e aí o instituto lota,
principalmente de turmas escolares ruidosas.
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coleção de arte pernambucana: Menino com pião, 1uadro de Reynaldo Fonseca de 2012 |
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quadros de nus femininos |
Quarta-feira, 25 de setembro:
Porto de Galinhas, Ipojuca
Viajar ao Nordeste sem visitar alguma praia é como ir a Paris e não ver
a Torre Eiffel. Quem como eu está acostumado ao mar brabo de águas geladas das praias
cariocas surpreende-se com o mar calmo de águas mornas da costa nordestina.
Calmo devido aos arrecifes e quebra-mares, que fazem com que o mar quebre lá
longe, criando piscinas naturais. O mar quente atrai os tubarões, tornando as
praias recifenses perigosas ao banho. Mas existem outras praias onde
esses predadores não dão as caras, e tivemos a ventura de conhecer a Dora (81
9245-6047), taxista que põe toda sua família para trabalhar em seus vários
táxis adaptados e organiza passeios privados ou em grupos a Porto de Galinhas,
Praia dos Carneiros, Itamaracá etc.
O Nordeste leva a sério a indústria do turismo, com uma organização de
primeiro mundo, embora empregue muitos informais também. O veículo pega você no
hotel de manhã cedinho, o motorista interage, contando causos, mostrando as
coisas, e não despeja você simplesmente numa faixa de areia qualquer... fomos deixados num “receptivo”, que é uma estrutura impecavelmente organizada, onde por sessenta reais por pessoa pudemos utilizar o restaurante,
toaletes, chuveiros, guarda-sóis (que também servem de guarda-chuva), cadeiras de praia, bem como reverter esse valor em consumação de bebidas, petiscos, almoço. Você não manuseia dinheiro durante a estadia, acertando as contas ao final.
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guarda-sóis (que também servem de guarda-chuva) |
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consumação de bebidas |
Queijo de coalho, carne de sol
com macaxeira, arroz e feijão de corda: quantas delícias saboreamos! As
praias nordestinas são imensas, algumas parecem não ter fim. Existem pousadas
para todas as faixas de renda, também vimos muita construção civil, e uma
plêiade de serviços são prestados: passeios em versão modernizada da clássica jangada,
mergulhos subaquáticos, passeios de buggy. Meninos pintam na hora pequenos
panoramas marinhos e vendem por vinte reais – “quando eu ficar famoso como o Picasso
vai valer vinte mil”, apregoou um deles. Perguntei a outro onde aprendeu a
pintar, respondeu que nasceu com esse dom. Até chope artesanal se vende na
areia. Em alguns momentos choveu, mas chuva no paraíso não molha.
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versão modernizada da clássica jangada |
O turismo poderia alçar o nossos irmãos nordestinos a níveis de renda caribenhos.
Pois mares caribenhos, estes já temos! Falta melhor discernimento político.
Quinta-feira, 26 de setembro:
Olinda II
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Ladeira da Misericórdia |
Segundo dia da exploração de Olinda. Hoje rodamos o núcleo histórico de Olinda literalmente de alto a baixo e de baixo a alto. Três ladeiras descem a encosta íngreme por onde se eleva o núcleo histórico: Ladeira da Misericórdia, Ladeira da Sé e Ladeira de São Francisco. Se você desce uma das ladeiras de uma só vez, depois vai ter que subir, e se para baixo todos os santos ajudam, para cima os diabos atrapalham. Então o segredo é ir descendo aos poucos, alternando trechos de ladeira com ruas planas, ziguezagueando até chegar embaixo. Não esqueça de se proteger do sol com boné, uma sombrinha e protetor solar.
IGREJA DE NOSSA SENHORA DO AMPARO
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igreja barroca de Nossa Senhora do Amparo |
Saímos de nosso “convento” no
alto da Sé e seguimos a Rua Saldanha Marinho à direita até a igreja barroca de Nossa
Senhora do Amparo, abordada por Gilberto Freyre na pág. 115 de seu
guia: “Outra igreja velha de Olinda é a do Amparo que já existia em 1613; foi
destruída pelo incêndio de 1631 e reconstruída em 1644. [...] Não é igreja que
tenha alguma coisa de grandioso; mas o trabalho de talha de sua capela-mor não é
desprezível; e seus altares laterais – o do Bom Jesus e o de Santa Cecília [padroeira
da música] – são dignos de ser olhados.” Chama a atenção a incomum coloração
rosa dos altares e o piso de ladrilhos hidráulicos.
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Santa Cecília [padroeira da música] |
MUSEU REGIONAL DE OLINDA
Pegamos a Rua do Amparo em
direção ao Museu Regional de Olinda (Rua do Amparo, 128), “reunindo móveis,
imagens, painéis e que merece a visita do turista, não só pelos objetos que
abriga como pela própria casa onde foi instalado: um bom e velho sobrado que
recorda, com outros edifícios da vizinhança, a Olinda de 1700.” (Gilberto
Freyre, Olinda, pág. 150) Uma
zeladora conduz com simpatia e senso de humor o visitante pelos aposentos da casa-museu,
que não podem ser fotografados.
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Casa colorida na Rua do Amparo, 257 |
Seguindo a Rua do Amparo, adentramos a Rua da Bica dos Quatro Cantos para ver a antiga bica de mesmo nome.
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Bica dos Quatro Cantos |
SOBRADO MOURISCO DA RUA DO AMPARO
De lá retornamos para conhecer o
sobradinho no no 28 da Rua do Amparo, uma típica casa do
século XVII que teria escapado à descaracterização, com beiral (em vez das
platibandas das casas mais recentes), balcão mourisco que, não fossem aa duas aberturas frontais, seria um perfeito "muxarabi”, e portas com vergas e ombreiras retas de pedra. O muxarabi autêntico é todo fechado por treliças, permitindo que quem está dentro
veja quem passa na rua, mas não vice-versa. Aliás raras as cidades brasileiras que ainda conservam casas residenciais daquele século.
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sobradinho no no 28 da Rua do Amparo, uma típica casa do século XVII que teria escapado à descaracterização |
Pegamos a rua do Bonfim, na Ladeira da Misericórdia tiramos algumas fotografias, prosseguimos pela Bonfim passando pela igreja de mesmo nome,
dobramos à direita na ladeira da Sé até a Praça João Alfredo, onde outra casa do século XVII pode ser encontrada (aqui), e logo em frente
fomos dar na Praça da Abolição, onde uma casa neoclássica com azulejos na
fachada que abriga o maracatu Nação Pernambuco chama a atenção.
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na Ladeira da Misericórdia tiramos algumas fotografias |
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casa neoclássica com azulejos na fachada |
IGREJA DE NOSSA SENHORA DO CARMO
Em pequena elevação na Praça da
Abolição ergue-se a Igreja do Carmo. “A igreja do extinto convento dos
carmelitas de Olinda começou a ser construída em 1588. Em 1615 ainda estava em
obras. Incendiada pouco depois, quando da invasão holandesa, conservou muito do
seu arcabouço primitivo, sendo restaurada em 1704. Do convento, que, tendo caído
em ruína, foi infelizmente demolido em 1907, restaram apenas o vestíbulo da
portaria, ligado à torre direita da igreja, e resquícios dos fundamentos que
ainda afloram do solo.
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Em pequena elevação na Praça da Abolição ergue-se a Igreja do Carmo |
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restaram apenas o vestíbulo da portaria |
No frontispício, destaca-se, como
um dos elementos mais antigos, a portada em arco pleno e ombreiras, ladeada por
dois pares de colunas de capital jônico encimadas por pináculos em pirâmide. Ao
nível do coro, duas janelas de verga reta com coroamento de feição
renascentista e um nicho entre elas, acima da portada. O frontão é de estilo
barroco, e as duas torres são abertas com um par de seteiras, encimadas por
sineiras de arco pleno. No interior, destaca-se a capela-mor, com o teto
pintado e retábulo de talha dourada e feição clássica, os vários altares das
capelas laterais e a balaustrada torneada do coro.” (Alexei Bueno, Augusto da
Silva Telles e Lauro Cavalcanti, Patrimônio
Construído: As 110 mais belas edificações do Brasil, Capivara Editora) Quem
quiser visitar seu interior tem de se informar dos dias e horários das missas,
afixados na entrada, mas que não anotei.
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No frontispício, destaca-se, como um dos elementos mais antigos, a portada em arco pleno e ombreiras, ladeada por dois pares de colunas de capital jônico encimadas por pináculos em pirâmide. Ao nível do coro, duas janelas de verga reta com coroamento de feição renascentista e um nicho entre elas, acima da portada. O frontão é de estilo barroco, e as duas torres são abertas com um par de seteiras, encimadas por sineiras de arco pleno. |
O forte calor nos convidou a
tomar um açaí (seguido de mais um segundo) num quiosque da praça com banquinhos
e cadeiras de plástico onde um grupo de classe média “antipetista” reclamava da
péssima gestão do prefeito da cidade nessas vésperas das eleições municipais.
Um meia-idade pernambucano, atarracado e bonachão, tipo Dorival Caymmi, que ficava
ali sentado cumprimentando todo mundo que passava, descobrimos ser o dono
do quiosque. Enquanto o filho e o neto atendiam os clientes, ficava distraindo
os transeuntes, puxando papo, ou ouvindo umas musiquinhas do Carnaval recifense, Galo
da Madrugada. Como na vez anterior, pretendíamos subir ao hotel de Uber, mas
ele nos convenceu de que a ladeira de Santo Antônio é menos íngreme que as demais,
de modo que fomos subindo devagarinho, que devagar se vai ao longe, daí eu ter escrito, no início deste dia, que rodamos o núcleo histórico de Olinda
literalmente de alto a baixo e de baixo a
alto.
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uma construção “de uma quase desconcertante radicalidade modernista”, a Caixa d’Água |
O centro histórico de Olinda,
embora Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade desde 1982, não é
homogêneo como o de Ouro Preto, e sim uma mistura: casas dos séculos XVII ao XX; uma construção “de uma quase desconcertante radicalidade
modernista”, a Caixa d’Água no Alto da Sé; um hotel-fazenda, em vasta
propriedade com piscina. Comentei essa característica com Alexei Bueno e ele
observou: “Olinda não tem uma unidade de arquitetura civil preservada como
Parati, Ouro Preto, Tiradentes, ou mesmo o núcleo colonial da Cidade Alta de
Salvador, mas conservou duas ou três casas do século XVII, o que no Brasil não
é pouca coisa, fora as edificações religiosas e a paisagem, que são admiráveis.”
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a paisagem |
Além disso, é segura e pacata, qual
cidade do interior, um oásis em meio ao burburinho da metrópole. Você
pode rodar, pode sair à noite andando pelos becos, ruas à procura daquele restaurante
que viu no Google Maps, sem correr risco. O único senão é que às vezes guias, que
vivem do turismo, o abordam, ou então já vão dando explicações sem você pedir, e
você se sente na obrigação de dar uma gorjetinha, mas nunca coagem, e contam
fatos interessantes. Um rapaz que nos abordou, ante as casas multicores,
perguntou: sabe por que as casas têm cores diferentes? Porque antigamente não
tinham numeração como as atuais e se identificava o proprietário
pela cor da sua casa.
CATEDRAL DA ARQUIDIOCESE DE OLINDA E RECIFE (SÉ
METROPOLITANA – MATRIZ DE SÃO SALVADOR DO MUNDO)
No alto ainda paguei dois reais
(a última nota de papel moeda na minha carteira) para visitar a Catedral
da Arquidiocese de Olinda e Recife. Trata-se do templo mais antigo de Olinda,
de 1584, em estilo maneirista, de transição entre o renascentista e o barroco. Eu abordei os estilos arquitetônicos praticados no Brasil em postagem do meu outro blog que você pode ler aqui.
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Catedral da Arquidiocese de Olinda e Recife (Sé Metropolitana – Matriz de São Salvador do Mundo). A fachada se divide em três blocos principais, com o corpo da catedral ladeado por duas torres sineiras iguais. As torres, com pilastras em relevo nos cantos, são de secção quadrada e mostram somente duas estreitas aberturas retangulares sobrepostas até o nível do coruchéu, que tem aberturas em arco redondo para os sinos e um arremate superior prismático, com pequenos pináculos nos cantos. O corpo da igreja tem no nível térreo três portas, sendo a central maior e em arco, e encerrada em um frontispício com dois pares de colunas jônicas. Sobre as portas laterais, janelas quadradas que se ligam à cornija que delimita o nível do frontão de empenas retas, com óculo inscrito, cruz no topo e pináculos laterais. |
No
ano de 1676, com a criação do Bispado de Olinda, foi elevada à condição de
Catedral. Diversas intervenções e reformas descaracterizaram o estilo original da
fachada, até que, entre 1974 e 1976, a edificação foi restaurada, readquirindo na
medida do possível suas feições originais, segundo informa o site
da arquidiocese de Olinda e Recife. Gilberto Freyre, na pág. 86 de
seu guia de Olinda, conta: “Atravessou a guerra holandesa. Os holandeses lhe
faltaram com o respeito, mas não a destruíram. Ao contrário, depois ela
cresceu. Tornou-se catedral.” O interior é despojado, mas a maior atração é a
vista de Olinda e Recife do terraço da igreja.
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a maior atração é a vista de Olinda e Recife do terraço da igreja |
À noite lanche no McDonald’s do Shopping Patteo Olinda, que shopping também é cultura. É?
Sexta-feira, 27 de setembro:
Praia dos Carneiros
Não precisa ir mais para o
Caribe, o Caribe é aqui. Achamos a nossa praia dos sonhos, sem precisar ir para
o Caribe. Praia dos Carneiros, em Tamandaré, Pernambuco.
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o Caribe é aqui |
O transporte nos apanhou às seis
e vinte da manhã. Juntou-se ao grupo uma mãe de Santa Maria, RS, com as duas
filhas. Por 30 reais por cabeça pudemos usufruir as dependências e serviços do
receptivo Bora Bora: “o paraíso é aqui”. Um espaçoso complexo com todos os
confortos que se possam desfrutar à beira-mar: bangalôs, redes,
espreguiçadeira e ampla área de mesas servidas por um exército de garçons jovens e
atenciosos, em suma, “o maior e melhor receptivo do litoral sul de Pernambuco”,
segundo opinião de um Local Guide do Google Maps. Acesso direto à piscina
natural de tonalidade caribenha que é o mar em frente. Mansinho e morninho.
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Embarcamos num catamarã |
Embarcamos
num catamarã com animador, Thalis Carneiros (procurem no Instagram), e trio de
forró. Primeira parada, banco de areia. E o Thalis vai animando a galera com seu
canto desafinado e informações: a praia deve seu nome a uma família de
portugueses proprietários daquelas terras em tempos remotos, ele conta. Conta também
uns causos jocosos: Por exemplo, num dos passeios, ao anunciar que parariam no
banco de areia, alguém perguntou: o que tem no banco de areia? (Areia, claro!) E
adverte que, ao fim da parada (que dura uns vinte minutos), dará três apitos:
ao primeiro, corram todos para o barco. Ao segundo, embarquem. Ao terceiro, já
era, porque o catamarã acabou de partir!
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trio de forró |
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a singela Capela de São Benedito, em frente à qual todos os casais querem tirar sua selfie |
Segunda parada, a praia onde você
toma um “banho de argila”, ou melhor, umas mulheres locais esfregam um lodo “rejuvenescedor”
no seu rosto, tronco e pernas e depois oferecem uns sabonetes medicinais feitos
desse lodo para você comprar. Terceira parada, a singela Capela de São
Benedito, em frente à qual todos os casais querem tirar sua selfie, em meio a
uma paisagem paradisíaca de coqueiros. Você pode agendar seu casamento nessa
capela. De volta ao receptivo, almoçamos um peixe à milanesa fresquinho. Que
Caribe qual nada, o Caribe é aqui!
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paisagem paradisíaca de coqueiros |
Jantar num restaurante italiano
de massas caseiras, Don Francesco Trattoria, no centro da muvuca em Olinda, os
Quatro Cantos: caro e bom.
Sábado, 28 de setembro:
Recife II
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a primeira sinagoga do Brasil |
Pegamos um Uber até o Marco Zero
de Recife, apinhado devido à regata
Recife-Fernando de Noronha que estava começando por lá. Percorremos
a Rua do Bom Jesus, antiga Rua dos Judeus, com seu casario histórico que inclui
a primeira sinagoga do Brasil, do tempo dos holandeses. Depois atravessamos a
ponte sobre o Rio Capibaribe rumo à Praça da República onde fica o Palácio do
Campo das Princesas e o Teatro Santa Isabel, mas por ser sábado, à medida que
nos afastávamos do Marco Zero, o Centro ia se tornando cada vez mais ermo, e
não nos sentimos à vontade. Mas nosso objetivo hoje era visitar pela segunda
vez o Instituto Ricardo Brennand, que na terça-feira estava cheio demais por
ser dia de visita gratuita. Contemplamos mais uma vez, agora em um ambiente menos
apinhado, mais calmo, os tesouros artísticos ali reunidos.
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os tesouros artísticos ali reunidos: Frans Post, Paisagem de Olinda com ruínas do Convento do Carmo |
No final da tarde, eis que toca o telefone do meu celular, algo raro. Na era do WhatsApp as pessoas raramente telefonam.
Era minha sobrinha Bárbara (filha do Sergio, que vive em Luanda) a quem eu
avisara que iria ao Brennand, dizendo que morava não longe dali e
sugerindo que fôssemos jantar em sua casa. Ela nos apanhou de carro, e coroamos
o dia com um agradável jantar no quintal da casa (fazia calor) daquela família
tão simpática, acolhedora e unida, como deveriam ser todas as famílias.
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família tão simpática, acolhedora e unida, como deveriam ser todas as famílias |
Domingo, 29 de setembro: Olinda-Recife-São Paulo
Bárbara repetiu o delicioso
cozido que tanto sucesso fez no aniversário do Sergio em julho e nos levou, saciados,
ao aeroporto, onde pegamos nosso avião de volta ao lar.
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