ORIGEM DA EXPRESSÃO SOPA NO MEL



Quando me encontrei com Jaguar no Clube do Uísque (haverá lugar melhor para uma reunião de trabalho?) a fim de convidá-lo a ilustrar meu livro Português Prático, ao me referir à frase do Jânio Quadros, “Fi-lo porque qui-lo”, ele revelou que outra frase normalmente atribuída ao Jânio na verdade havia sido criada por ele, Jaguar. É a tal resposta à pergunta: “Por que você bebe?”. “Bebo porque é líquido; se fosse sólido, comia.”

Nesta mesma conversa abordamos a expressão sopa no mel, e Jaguar mostrou-se intrigado com essa combinação esdrúxula: sopa com mel? Em Locuções tradicionais no Brasil (pág. 251), Luís da Câmara Cascudo esclarece a perplexidade do Jaguar:

"Sopa não é o caldo contemporâneo, incompreensível para o entendimento da frase, mas uma fatia de pão torrado umedecida n’água em que fervem carnes e hortaliças. Sobre esse pedaço de pão molhado em líquido de cocção, constituindo a sopa antiga, a presença do mel duplicaria os valores do sabor e da nutrição. Era a ‘Sopa no mel’."

O próprio dicionário Houaiss registra esta acepção de "sopa": “qualquer pedaço de pão embebido em caldo ou outro líquido”, “qualquer bocado de pão”.

A expressão é antiga. Em Inocência, do Visconde de Taunay, escritor do século XIX, encontrei:

— Ora, pois muito bem, cai-me a sopa no mel; sim, senhor, vem mesmo ao pintar [no momento propício]...

Cair a sopa no mel significa (segundo o dicionário de “cearensês” do site Ceará-Moleque) uma situação em que uma coisa vai ao encontro da outra de modo ideal. "Eu estava gostando da menina e descobri que ela também estava gostando de mim. Foi sopa no mel!".

Diz uma velha quadrinha de origem portuguesa:

Fui à fonte com Maria
Encontrei-me com Isabel...
Isso mesmo é que eu queria
Caiu-me a sopa no mel!

Na “Balada para Isabel”, Manuel Bandeira utiliza a expressão:

Um mistério tão sorrateiro
Nunca o mundo não viu jamais.
Ah que sorriso! Verdadeiro
Céu na terra (o céu que sonhais...)
Por isso, em minha ingrata lida
De viver, é a sopa no mel
Se de súbito translucida
O sorriso azul de Isabel.

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SOPA NO MEL


Sopa no Mel: Curiosidades da Língua

Afinal, o que existe na caixa de Pandora? Assim como um quilograma contém mil gramas um kilobyte possui mil bytes? O que é um trabalho de Sísifo? O que foi a Cortina de Ferro e quem criou esta expressão? O que tem um reles pneu a ver com a espiritualidade? O que um assassino tem a ver com o haxixe? Onde fica a Bavaria? E a Antarctica? Quem é Brahma? O que significa Skol? Pandemônio tem alguma coisa a ver com demônio? Quais os significados dos nomes das pessoas? Qual a origem da expressão bode expiatório? Qual a origem da palavra cibernética? Qual a origem da palavra favela (no sentido de "comunidade")? Qual a origem da expressão sopa no mel? Qual a origem dos termos esquerda e direita em política? Quando Fernando Pessoa diz que “navegar é preciso, viver não é preciso”, preciso tem o sentido de necessário ou de exato? Quando foi o tempo em que se amarrava cachorro com lingüiça? Quem foi Big Brother? Se o cinema é a sétima arte, quais as outras seis? Se os países ricos formam o Primeiro Mundo e os países pobres, o Terceiro Mundo, onde fica o Segundo Mundo? Se você é uma pessoa curiosa e quer saber estas e (muuuuuuitas) outras coisas, seja bem-vindo a este livro!

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MORRO DA CONCEIÇÃO

Um oásis de Rio Antigo em meio à agitação do centro da cidade, o Morro da Conceição — ao lado da Praça Mauá — esconde tesouros que poucos cariocas conhecem: a fortaleza da Conceição, concluída em 1718, o antigo Palácio Episcopal, que hoje abriga o Serviço Geográfico do Exército, o Observatório do Valongo.

Na época colonial, a ocupação urbana do Rio de Janeiro começou nas áreas mais elevadas, que ofereciam proteção contra ataques de corsários e estrangeiros: Morro do Castelo, Morro de Santo Antônio, Morro de São Bento, Morro da Conceição.

O Morro da Conceição também abriga uma série de ateliês de artistas plásticos (Dallier, Marcelo Frazão, Cláudio Aun, Renato Santana e outros), na Ladeira João Homem e Rua do Jogo da Bola. Todo ano, em dezembro, os ateliês são abertos para o público durante o Projeto Mauá.

As fotos deste ensaio, de autoria do editor do blog, foram expostas na mostra da SERJUS do Projeto Mauá de 2007.



Fortaleza da Conceição (portão)


Vista da Praça Major Valô


Vista do Jardim Suspenso do Valongo


Vista do Jardim Suspenso do Valongo


Vista do Jardim Suspenso do Valongo


O pintor Dallier (com ateliê no Morro da Conceição) e o escritor Otto Lara Resende (foto tirada no bairro Jardim Botânico)


Duas meninas


Pedra do Sal


Ateliê de Cláudio Aun (detalhe)


Vista do ateliê de Cláudio Aun


Vista do ateliê de Cláudio Aun


Ateliê de Cláudio Aun


Beco João José


Adro de São Francisco